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Mundo Segredos e mentiras: espionagem é tema de novo museu nos Estados Unidos

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Museu Internacional da Espionagem, em Washington. (Foto: Divulgação)

O Museu Internacional da Espionagem, amplamente expandido, aberto ao público no início de maio num prédio de aço e vidro espetacular, pertinho do Passeio Nacional, tem o desafio de capturar premissas díspares. Os curadores tiveram de encontrar uma maneira de atrair crianças de 8 anos, cheias de energia, mas também os aposentados sombrios, turistas cuja ideia de inteligência vem de “007: O espião que me amava”, e, dada sua localização, visitantes supercríticos, advindos de instituições como CIA, a NSA (Agência de Segurança Nacional) e de todos os cantos secretos da segurança estatal. As informações são do jornal O Globo.

A arte da espionagem na história e na cultura americanas é, sem dúvida, uma salada mista. Já produziu intrigas, gênios e heroísmo, operações secretas eficientíssimas e dispositivos extraordinários, transformando-se em elemento fundamental do entretenimento popular. Por outro lado, também tem um lado sombrio: propensa a fracassos retumbantes e enfrentando problemas éticos com frequência, de uns anos para cá as agências enfrentaram escândalos envolvendo torturas brutais e vigilância secreta. Mais ou menos como Bond e Bourne versus afogamento simulado (waterboarding) e escutas sem mandado/permissão.

No geral, o novo museu , construído por US$ 162 milhões resultantes de doações privadas e verba municipal, faz um trabalho incrível. É mais sério e realista do que o original, fundado pelo mesmo homem que financiou a nova versão, Milton Maltz, empresário da TV e do rádio. Durante os anos de funcionamento, de 2002 a 2018, a versão antiga se tornou ponto de encontro popular de escritores e palestrantes, mas alguns dos itens em exibição dão a impressão de ser superficiais e chamativos.

As novas exibições usam todos os truques tecnológicos na cartilha dos museus modernos para conquistar o visitante – mas também foram pensadas para apresentar temas complexos que possam encorajar a análise cuidadosa e o debate. O museu é rico em artefatos históricos, questionários interativos e curtas originais.

Impressionante mesmo é o fato de o novo museu enfrentar com firmeza inegável os episódios mais dolorosos e polêmicos da história recente da espionagem americana. Uma sala dedicada a interrogatórios e torturas encerra um pouco de história (George Washington se manifestou contra os maus-tratos a prisioneiros britânicos) e uma prancha de afogamento (waterboard) de verdade – o famoso instrumento de tortura usado pela Inquisição, pelo regime de Pol Pot, no Camboja, e pela CIA contra os membros suspeitos da Al-Qaeda em 2002 e 2003. Em clipes exibidos continuamente, dois arquitetos das “técnicas aprimoradas de interrogatório” da CIA defendem os métodos, justificando-os como necessários e eficazes; já um advogado militar, um instrutor da Marinha e outros os denunciam, rotulando-os como inúteis e diametralmente opostos aos valores americanos e civilizados.

Em outra sala, dedicada ao sigilo e à transparência, entre aqueles que falam – e têm garantido um espaço grande nos registros – estão Thomas Drake , ex-oficial da NSA processado por vazar informações de um programa fracassado e inútil à imprensa, e Ben Wizner , advogado da União Americana pelas Liberdades Civis que assiste Edward Snowden, funcionário terceirizado da NSA que deu aos jornalistas centenas de milhares de documentos secretos. Funcionários mais antigos do setor também dão suas impressões, mas não monopolizam a discussão.

O museu também faz uma análise lúcida dos fracassos da indústria, dissecando as estimativas catastroficamente errôneas feitas sobre as armas de destruição em massa no Iraque e comparando os ataques de Pearl Harbor e do 11 de setembro de 2001 de maneira elucidativa. Uma série de salas assustadoras retrata a Berlim Oriental como uma sociedade de vigilância que perdeu a mão.

“Aqui mostramos o lado escuro. No museu antigo, não chegamos a falar de polêmica. Era uma coisa mais leve, descompromissada. Dados os debates acirrados e os dilemas morais nos noticiários desde o 11 de setembro , tal abordagem não mais se justifica”, explica Anna Slafer, vice-presidente de exposições e programas do museu.

De acordo com Alexis Albion, o curador principal, que trabalhou na Comissão 11/9 e no Departamento de Estado, depois de começar um trabalho de consulta com um painel de historiadores, os designers decidiram contar “menos histórias, mas com mais profundidade”.

“Você não quer ser pedante, mas também quer que o público compreenda como é, de fato, esse trabalho. No geral, o pessoal pensa que espionagem é divertido, é sensual, mas, muitas vezes, também acaba mal. Sempre achei que seria maravilhoso se algumas pessoas saíssem das mostras dizendo: ‘Eu não teria condições de fazer isso'”, diz ele.

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https://www.osul.com.br/segredos-e-mentiras-espionagem-e-tema-de-novo-museu-nos-estados-unidos/ Segredos e mentiras: espionagem é tema de novo museu nos Estados Unidos 2019-06-10
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