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Por Redação O Sul | 26 de março de 2023
Com o cancelamento da viagem do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva à China, a assinatura de ao menos 20 acordos bilaterais já negociados entre os dois países ficará adiada por tempo indeterminado.
“Contratempos acontecem, como aconteceu. De qualquer forma, quando o presidente estiver restabelecido, nós ficamos aguardando o governo chinês. Quando o governo chinês tiver preparado e estiver com a agenda disponível, certamente será remarcado e vamos assinar todos os acordos e memorandos”, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o único do primeiro escalão do Executivo brasileiro a ir ao país asiático.
O ministro disse que haverá atraso na assinatura de todos os atos previstos, e não só os de sua pasta. Mas minimizou urgência nos temas. “Todos os atos governamentais estão adiados, inclusive do Ministério da Agricultura, mesmo eu estando aqui. Teríamos atos importantes, serão assinados posteriormente”, afirmou o ministro.
Outra questão que ficará para depois é a rediscussão do protocolo entre os dois países sobre casos de mal da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina -EEB). Essa doença degenerativa pode levar à contaminação humana por meio do consumo da carne. Mas casos clássicos e transmissíveis nunca foram detectados no País, conforme o governo. Houve seis casos atípicos.
O ministro disse que os chineses já indicaram disposição em rediscutir o protocolo que prevê o auto embargo, quando um caso suspeito é detectado. O modelo prevê a paralisação do embarque de carne de todo o Brasil até a investigação ser concluída. Segundo Fávaro, é o momento de se rediscutir o acordo de 2015. O governo brasileiro fala em isolar apenas algumas regiões ou municípios – em vez de barrar a exportação do País todo. Mas evita falar na possibilidade de acabar com o auto embargo.
“Os dois lados têm que construir isso. Em agosto tem reunião da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação) e isso pode ser alterado. Com a credibilidade estabelecida nos casos passados, dá para a gente discutir um novo modelo. Mas o Brasil não está colocando isso como prioridade. Temos que garantir qualidade de produtos exportados, eles têm de estar confiáveis e seguros”, disse Fávaro.
Reagendamento
O Ministério das Relações Exteriores da China informou que mantém contato com autoridades do
Brasil para reagendar a viagem. Empresários do agronegócio propuseram ao governo Lula que o presidente tente retomar a visita de Estado em maio, quando ocorre uma importante feira do setor de alimentação no país.
Fávaro desembarcou em Pequim uma semana antes de Lula, numa comitiva de 15 pessoas do ministério, mais cerca de 110 empresários convidados para compor a delegação, entre eles gigantes do setor, como os executivos da JBS Joesley e Wesley Batista.
O ministro obteve o levantamento do embargo geral à exportação de carne bovina por causa de um caso atípico de mal da vaca louca, além da permissão de exportação para quatro novas unidades e da reabilitação de mais duas. Segundo o ministério, nunca antes os chineses haviam feito tal concessão durante uma visita de trabalho do ministro. “O maior ganho é de relacionamento, a confiança no presidente Lula. O humor é muito favorável”, contou.
O ministro disse que espera a assinatura de acordos no setor privado, durante o fórum promovido pela Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), mantida para a quarta (29), apesar da ausência de Lula. O tamanho do evento foi reduzido. “Serão acordos entre entes privados, empresas brasileiras e chinesas vão anunciar negócios”, afirmou o ministro.