Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 6 de março de 2023
Soldados russos podem estar utilizando pás como armas de combate corpo-a-corpo na guerra na Ucrânia por causa da escassez de munição no exército, segundo um relatório do Ministério da Defesa do Reino Unido divulgado no domingo (5). O comunicado britânico afirma que no fim de fevereiro os reservistas disseram a informantes que foram ordenados a atacar uma posição de tropas de Kiev armados apenas de “armas de fogo e pás”.
O relato dos reservistas sugere um aumento dos combates corpo-a-corpo na guerra, acredita a inteligência do Reino Unido. “Isso provavelmente resulta da insistência do comando russo em ações ofensivas que consistem de infantaria desmontada (apenas tropas a pé, sem veículos) com menos suporte da artilharia de fogo por causa do estoque pequeno de munição”, conclui o relatório.
A pá utilizada é conhecida como MPL-50, desenvolvida em 1869 e com poucas modificações no presente. O objeto faz parte do kit do exército reservista russo há décadas e a sua letalidade é, segundo a inteligência britânica, “particularmente mitificada” na Rússia. O uso recorrente é visto como prova de que a guerra passou a ser caracterizada por combates brutais e de baixa tecnologia. “Um dos reservistas descreveu não estar nem física nem psicologicamente preparado para a ação”, diz o informe do Ministério da Defesa.
Analistas ouvidos pela BBC dizem que, embora haja de fato uma falta de munição, a situação é mais complexa do que o relatório apresenta. Existem evidências de que as forças russas ainda utilizam duas vezes mais munição do que as forças ucranianas.
O Ministério de Defesa do Reino Unido não forneceu informações sobre a quantidade de batalhas com pás e nem onde elas ocorreram.
Em uma das principais batalhas da guerra no momento, em Bakhmut, os russos ganharam uma vantagem nos últimos dias e forçaram a Ucrânia a enviar reforços para defender a cidade. O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, ordenou que o exército envie mais forças para resistir ao cerco russo, que poderia ter o controle da região do Donbass caso a conquiste.
A cidade tinha 70 mil habitantes antes da guerra e não representa um valor estratégico alto, mas se tornou um símbolo do conflito por causa da duração das batalhas e das perdas de ambos os lados. A Ucrânia acredita que a resistência no local é necessária para “continuar esgotando as tropas e os equipamentos russos”, segundo o conselheiro da presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak. Os russos, por sua vez, avançaram ao norte e ao sul da cidade, aumentando a pressão para a retirada dos ucranianos e deixando uma única rota de saída, localizada a oeste, em direção à cidade de Chasiv Iar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e da agência de notícias AFP.