Quarta-feira, 05 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de maio de 2022
Deputadas democratas marcham em direção ao Senado antes da votação de projeto de lei.
Foto: ReproduçãoUm projeto de lei para permitir o aborto nos Estados Unidos foi derrotado no Senado nesta quarta-feira (11) por uma sólida oposição republicana. Os democratas tentaram contornar uma decisão iminente da Suprema Corte, que deve derrubar a decisão Roe vs Wade, que estabeleceu o direito nacional ao aborto há cerca de 50 anos. A tentativa no Senado, um gesto de protesto, no entanto, nunca teve muita chance de sucesso.
Com 49 votos a favor e 51 contra, a chamada “Lei de proteção à saúde da mulher” ficou a 11 dos 60 votos necessários para ser amplamente debatida na Casa, que conta com cem membros. Todos os 50 republicanos votaram para bloquear a lei, assim como o democrata Joe Manchin.
A iniciativa bloqueada pelos senadores republicanos faz parte de uma batalha maior dos democratas, liderada pelo presidente Joe Biden, para proteger o direito ao aborto. O presidente criticou o resultado da votação:
“Os republicanos no Congresso — nenhum dos quais votaram neste projeto — optaram por se opor ao direito das mulheres americanas de tomar as decisões mais pessoais sobre seus corpos, suas famílias e suas vidas”, disse, em um comunicado.
O líder dos democratas do Senado, Chuck Schumer, manifestou-se antes da votação:
“Pela primeira vez em 50 anos, uma maioria conservadora, uma maioria extrema da Suprema Corte, está prestes a decretar que as mulheres não têm controle sobre seus próprios corpos”.
Biden faz alerta
Os republicanos se opuseram ao projeto em bloco, acusando os democratas, por meio de seu líder Mitch McConnell, de quererem oferecer “abortos sob demanda”.
Antes da votação, várias democratas, a maioria mulheres, marcharam da Câmara dos Deputados ao Senado ao som de lemas como “Meu corpo, minha escolha”. Depois, entraram no Senado e sentaram-se em silêncio ao longo de uma parede dos fundos enquanto os senadores debatiam os direitos ao aborto.
Em setembro passado, a Câmara dos Deputados havia aprovado por 218 votos a 211 um projeto de lei de direitos ao aborto quase idêntico ao do Senado.
Embora a derrota no Senado fosse amplamente esperada, os democratas esperam agora que a votação ajude a impulsionar mais de seus candidatos à vitória nas eleições de meio de mandato, em 8 de novembro, já que as pesquisas de opinião pública mostram forte apoio, entre os eleitores, ao direito ao aborto. Isso, por sua vez, poderia alimentar futuras tentativas de legalizar o procedimento por meio da lei.
A batalha de décadas nos EUA se alastrou novamente na semana passada, quando a Suprema Corte confirmou a autenticidade de um projeto de parecer que dizia que em breve derrubaria Roe v. Wade, de 1973, que estabeleceu o direito ao aborto. A decisão deixaria para cada estado determinar suas políticas de aborto.
Em Chicago, Biden disse que o rascunho desse parecer pode significar que o tribunal mais tarde irá atrás do casamento entre pessoas do mesmo sexo, contracepção e outros direitos.
“Anotem minhas palavras: eles vão atrás da decisão da Suprema Corte sobre o direito de casamentos entre pessoas do mesmo sexo — disse Biden a um grupo de doadores, acrescentando que a contracepção também está em jogo. — Você verá essas decisões em disputa que dividirá ainda mais os Estados Unidos. Vamos discutir sobre coisas sobre as quais não deveríamos discutir”, disse.