Terça-feira, 23 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de setembro de 2025
Em muitos casos, essas vítimas precisam de cirurgias para o tratamento dos ferimentos.
Foto: Divulgação/Agência BrasilUm terço das vítimas de sinistros de trânsito com motocicletas atendidas nos principais serviços de ortopedia e traumatologia do País passa a sofrer com sequelas permanentes desses incidentes. A conclusão é de uma pesquisa divulgada nesta semana pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), que ouviu 95 chefes e preceptores de serviços de residência em ortopedia credenciados junto à entidade.
Segundo as respostas reunidas no estudo, os serviços receberam, em média, 360 vítimas do trânsito por mês nos últimos 6 meses. Isso equivale a dizer que mais de dez pacientes feridos nesses incidentes foram hospitalizados por dia.
Dois terços desses pacientes eram motociclistas, segundo a pesquisa. Ao receber alta, 56,7% deles passaram a conviver com poucas sequelas, e 33,9% sofreram sequelas permanentes.
Em 82% dos casos, essas vítimas passaram a relatar quadros de dor crônica. Sequelas mais graves, entretanto, também são frequentes:
– 69,5% ficam com deformidades;
– 67,4% permanecem com déficit motor;
– 35,8% passam por amputações.
O estudo foi apresentado em um fórum sobre o tema promovido pela SBOT na Câmara dos Deputados na quinta-feira (17), como parte da campanha “Na moto, na moral”, que busca reduzir a mortalidade de motociclistas no trânsito.
O presidente da SBOT, Paulo Lobo, reconhece que a moto é um meio de transporte e de renda para muitos brasileiros. Ele esclarece, no entanto, que o objetivo da campanha e da pesquisa é contribuir para um cenário de maior segurança viária.
“Estamos vivendo uma epidemia de sinistros com motos”, alertou.
Perfil das vítimas
O estudo traça um perfil das vítimas de sinistros com motocicletas atendidas nos serviços de ortopedia:
– 72,8% eram homens;
– 40,7% tinham entre 20 e 29 anos;
– 64% eram motociclistas;
– 23,2% estavam na garupa;
– 10,9% eram pedestres;
– 29,2% tinham ingerido álcool;
– 16% usaram outras drogas;
– 47,1% dos sinistros foram colisões com automóveis;
– 44,5% foram quedas.
Em muitos casos, essas vítimas precisam de cirurgias para o tratamento dos ferimentos. Os profissionais entrevistados informaram que os serviços de ortopedia em que trabalham realizam, por mês, uma média de 45 cirurgias de baixa complexidade, 58 de média complexidade e 43 de alta complexidade em vítimas dos sinistros com motocicletas.
Essa demanda impactou de forma relevante a programação desses serviços de saúde nos últimos 6 meses. Segundo a pesquisa, os sinistros de trânsito foram a principal causa da média de 18 cirurgias eletivas adiadas por mês para atender a casos inesperados nesses hospitais.
Os dados mostram que até mesmo cirurgias de emergência precisaram ser canceladas para que casos mais urgentes envolvendo vítimas de sinistros de trânsito pudessem ser tratados. Nesse caso, foram oito cancelamentos por mês, em média.
A maior parte dessas vítimas é operada em menos de uma semana (60%) e passa menos de uma semana após a cirurgia internada (71,6%).
Ainda assim, é alto o percentual dos que passam mais tempo no hospital: 31% esperam entre 7 e 15 dias pela cirurgia, e 8% esperam mais de 15 dias. Já no pós operatório, 16,8% ficam até 15 dias internadas e 11,6% ficam entre 15 e 30 dias em um leito hospitalar.