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Brasil “Seria muito triste” se Supremo alterasse a regra sobre a prisão em 2ª instância, diz o juiz federal Sérgio Moro

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"Vejo com grande preocupação algumas discussões atuais do Supremo rever esse precedente", afirmou o juiz. (Foto: Lula Marques / AGPT)

O juiz Sérgio Moro disse em evento em São Paulo nesse sábado que seria “muito triste” se o STF (Supremo Tribunal Federal) revisse a decisão de autorizar a prisão após condenação em 2ª instância.
“Seria, com todo respeito ao Supremo Tribunal Federal, seria muito triste que a meu ver a principal reforma geral da lei processual nos últimos anos fosse alterada por uma decisão do supremo”, afirmou. “Essa foi a mudança fundamental nos nossos últimos anos no que se refere ao processo penal.”

O Supremo Tribunal Federal decidiu autorizar a prisão após condenação em 2ª instância em fevereiro do ano passado. Na ocasião, o placar foi de 7 a 4. Essa interpretação levou para a cadeia criminosos que conseguiam adiar por anos a execução da pena através de recursos aos tribunais superiores, como o ex-senador Luiz Estevão.

Em outubro, a Corte voltou a analisar o tema e placar foi mais apertado: 6 a 5 a favor da prisão.
Nesta semana, o ministro Gilmar Mendes, um dos que votaram a favor nas duas ocasiões, concedeu habeas corpus para soltar um homem preso após condenação em 2ª instância e enfatizou que deve mudar seu entendimento para garantir que os acusados possam aguardar resposta do STJ (Superior Tribunal de Justiça), chamada de terceira instância, antes da prisão.

A decisão de Gilmar nesta semana foi monocrática, o que significa que ele tomou a decisão sozinho. Para Moro, é prematuro dizer que o STF vai rever o posicionamento enquanto não houver uma decisão do colegiado da Corte. Na última semana, o juiz mandou prender o empresário Márcio Bonilho e o aposentado Waldomiro de Oliveira, apontado pelo Ministério Público Federal como “laranja” do doleiro Alberto Youssef.

“Vejo com grande preocupação algumas discussões atuais do Supremo rever esse precedente”, afirmou Moro durante discurso no 1° Congresso Brasileiro da Escola de Altos Estudos Criminais, realizado na Zona Sul da capital paulista. “É essencial que essa regra geral permaneça”, completa.

O juiz também disse que, em situações de “corrupção sistêmica”, o pagamento de propina a um agente público não resulta, necessariamente, em uma “contrapartida específica”, mas em uma compra de influência para ser aproveitada no futuro. Por isso, nem sempre é necessário encontrar um “ato de ofício” para provar a corrupção.

“Não é que não existe uma contrapartida. Como não existe almoço grátis, não existe propina grátis, sempre se espera alguma coisa em troca”, afirmou o juiz responsável pela Operação Lava-Jato em Curitiba (PR).

Moro citou o caso de dois diretores da Petrobras que fizeram acordos de cooperação e, em seus depoimentos, disseram que o pagamento de propina na empresa era “regra do jogo”.
Nesses casos, não necessariamente é uma contrapartida específica, muitas vezes é indeterminada, se compra a influência do agente público e se espera que seja usada em benefício do pagador de propina assim quando as oportunidades surgirem”, disse o juiz.

Moro relembrou ainda o caso do julgamento de Fernando Collor, e disse que houve “uma discussão profunda sobre a necessidade ou não de prova, da prática de um ato de ofício, para a configuração de um crime de corrupção”. Ao fim, o Supremo entendeu que Collor deveria ser absolvido do crime de corrupção. (AG)

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https://www.osul.com.br/seria-muito-triste-se-supremo-alterasse-regra-sobre-prisao-em-2a-instancia-diz-o-juiz-federal-sergio-moro/ “Seria muito triste” se Supremo alterasse a regra sobre a prisão em 2ª instância, diz o juiz federal Sérgio Moro 2017-08-26
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