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Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2016
Mil dias após seu lançamento, em 19 de dezembro de 2013, o telescópio espacial europeu Gaia revelou o resultado de suas buscas no espaço, observando a passagem de 60 milhões de estrelas por dia em nossa galáxia, que tem 100 mil anos-luz de diâmetro. O resultado é o mapa 3D mais detalhado já produzido da Via Láctea, um catálogo de 1 bilhão de estrelas. Desse total, 2 milhões tiveram sua distância e seus movimentos laterais nos céus traçados precisamente.
A enorme quantidade de dados que reuniu já permitiu elaborar esse catálogo com as posições de 1,142 bilhão de estrelas, ou seja, 200 milhões a mais do que havia sido previsto inicialmente. O objetivo final é completar o mapa celeste em 3D mais preciso até o momento.
A partir de agora, os astrônomos poderão consultar os dados sobre os diferentes corpos celestes, incluindo anãs brancas, estrelas variáveis e 2.152 quasares, os objetos mais afastados do Universo.
“Gaia não apenas nos fornece a posição das estrelas, mas também seu movimento, e isso também nos permite compreender melhor como nossa galáxia se formou”, explicou Antonella Vallenari, do Observatório de Pádua (Itália).
Por exemplo, permitirá saber se nosso Sol foi criado a partir de um “cluster”, um aglomerado de matéria. A posição e o movimento de 400 desses aglomerados já foram registrados por Gaia, disse Vallenari.
A origem da galáxia.
Com os novos dados, divulgados pela ESA (Agência Espacial Europeia) e o Consórcio Europeu, é possível medir as distâncias e movimentos de estrelas em cerca de 400 conjuntos de até 4.800 anos-luz de distância – a medição de distâncias entre estrelas, tanto em nossa galáxia quanto além, tem papel fundamental na astronomia, que agora entra em uma nova fase.
“Este bonito mapa que estamos publicando mostra a densidade de estrelas medidas por Gaia em todo o céu, e confirma que foram coletados dados excelentes durante os primeiros anos de operações”, disse Timo Prusti, cientista do projeto Gaia na ESA.
No futuro, os cientistas serão capazes de determinar distâncias muito precisas para uma grande amostra de estrelas através do método de medição usado pelo Gaia. Com isso, eles conseguirão entender melhor a relação entre o período e o brilho dessas estrelas, e aplicá-lo para medir distâncias além da nossa galáxia.
Também se espera que a informação coletada permita saber mais acerca de um dos grandes enigmas do universo, a matéria escura.
Sentinela sempre alerta, Gaia também observa o movimento dos asteroides, caso sua trajetória constitua uma ameaça para a Terra.
Gregory Laughlin, da Universidade de Yale (EUA), afirma que Gaia revelará à comunidade de astrônomos “milhares de novos mundos”, embora ainda precise completar seu trabalho de coleta. Sua missão de observação astronômica será concluída no fim de 2020.
“Este é apenas o começo […] para testar a qualidade dos dados, e temos uma prévia das enormes melhorias que Gaia trará em breve para a nossa compreensão das distâncias cósmicas”, disse Gisella Clementini, do Observatório Astronômico de Bolonha.
A nova missão tem dois telescópios, que examinam a Via Láctea a uma distância de 1,5 milhão de quilômetros da Terra. Os telescópios mapeiam a posição, os movimentos e as propriedades físicas das estrelas, além de sua temperatura e composição. Esses dados permitem determinar a idade das estrelas.
A previsão é que em cinco anos, as 100 mil estrelas perfiladas pelo telescópio Hipparcos, ativo entre as décadas de 80 e 90, vão se tornar 1 bilhão no catálogo Gaia. (Folhapress)