Quinta-feira, 19 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de setembro de 2015
Elas descem a montanha no pôr-do-sol, quando a terra seca ganha a cor do uniforme cáqui da guerrilha curda do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) – é um bom horário para se movimentar de forma camuflada. Aos pés da trincheira, em uma pequena base de pedras, nove guerrilheiras põem as Kalashnikov em um canto e cumprimentam os companheiros de front após um dia de combates. No cinturão, duas granadas, pistola e munição. Do outro lado da barricada, combatentes do EI (Estado Islâmico) as espreitam a uma distância suficiente para atingir seu território com ataques de morteiros – quatro, naquele dia. O cair da noite evidencia as posições do inimigo: “Daash. Daash. Daash!”, diz Nalin Rojhilat, 28 anos, apontando para as luzes das três vilas, ao alcance dos olhos, controladas pelo grupo extremista islâmico que ela identifica pela sigla em árabe.
Os confrontos têm sido frequentes nessa fronteira que compõe um arco ligando as províncias de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, controlada pelo EI a oeste, e Kirkuk, disputada pelos jihadistas a leste.
“Somos treinadas para morrer protegendo nossos convidados e nosso povo”, diz a jovem de um vilarejo curdo no Irã, a primeira da família a se alistar, há dez anos, inspirando outras seis da família a fazer o mesmo. “Escolhemos essa vida e isso requer sacrifícios. Essa é nossa casa e nossa família agora.”
Guerrilheiras como Nalin estão na frente de batalha contra os extremistas do EI no Iraque e Síria. Elas compõem pelo menos 40% das tropas do PKK, cuja experiência em guerrilha tem se mostrado fundamental contra o avanço dos combatentes islâmicos. Elas treinam e lutam ao lado dos peshmergas (tropas do Curdistão iraquiano) e dos milicianos das Unidades de Proteção do Povo, que controla uma faixa do norte sírio ao longo da fronteira com a Turquia. (AG)