Sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
Por Gisele Flores | 15 de dezembro de 2025
Bruno Quadros destaca que 2025 uniu perdas climáticas e retração de preços, mas impulsionou maturidade e protagonismo da pecuária.
Foto: Tamires de MoraesA SIA – Serviço de Inteligência no Agronegócio encerra 2025 com a avaliação de que o setor viveu um dos ciclos mais complexos da última década. O clima adverso, a queda das commodities e a restrição de crédito pressionaram toda a cadeia, do produtor às empresas de insumos. Para a consultoria, porém, o ano marcou um ponto de inflexão, com reorganização interna, revisão de modelos e maior consciência sobre eficiência — leitura alinhada ao diagnóstico econômico observado no mercado gaúcho.
O diretor executivo da SIA, Bruno Quadros, destaca que a combinação entre perdas climáticas e retração de preços atingiu culturas como soja e arroz, enquanto a pecuária iniciou recuperação. “Foi uma tempestade perfeita. A falta de crédito afetou o produtor, mas também revendas, concessionárias e demais segmentos”, afirma. Mesmo assim, ele avalia que 2025 trouxe um movimento de maturidade: “O setor passou a olhar para dentro, identificar falhas e buscar diversificação. A pecuária ganhou protagonismo e deve se integrar ainda mais às culturas de verão”.
A retração nos investimentos reforçou a necessidade de planejamento mais criterioso — ponto frequentemente destacado por analistas econômicos. Para a SIA, 2026 e 2027 serão anos de reorganização. “É um período de cicatrizar feridas e preparar o terreno para uma retomada sólida. O agro é cíclico, mas exige preparo para enfrentar os momentos ruins”, diz Quadros.
O setor de distribuição de insumos também passa por reestruturação, abrindo espaço para novos modelos de competitividade. “As margens estão pressionadas e o acesso ao crédito é um gargalo. O setor precisa repensar seus formatos e buscar novas fontes de capital”, avalia.
Em um ano marcado pela COP30, a SIA reforça que sustentabilidade deixa de ser discurso e passa a ser estratégia. “O agro precisa assumir seu papel como protagonista das soluções climáticas, não como vilão”, afirma Quadros — visão que dialoga com o debate ambiental ampliado no país.
Na pecuária, o diretor de Negócios da SIA, Davi Teixeira, destaca que 2025 marcou a retomada dos preços após três anos de retração. “A valorização da carne devolveu fôlego ao produtor, especialmente em um momento em que arroz e soja enfrentam dificuldades”, diz. Ele projeta 2026 como ano de crescimento, impulsionado por um programa estadual de desenvolvimento da pecuária de corte. “O Rio Grande do Sul deve recuperar espaço no cenário nacional.”
Com prudência e otimismo, a SIA prevê 2026 como início de um novo ciclo, sustentado por tecnologia, irrigação, manejo qualificado e diversificação produtiva. (Por Gisele Flores)