Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 17 de outubro de 2017
Uma doença que estava apenas no imaginário popular voltou a fazer parte do cotidiano dos brasileiros. Em apenas cinco anos, o número de casos de sífilis aumentou 5.000%, segundo dados do Ministério da Saúde (de 1.249 em 2010, para 65.878 em 2015). Por conta deste crescimento, o terceiro sábado de outubro foi decretado com o “Dia D” de combate à doença. Segundo especialistas, este número de casos está elevado porque as pessoas perderam o medo de contrair doenças sexualmente transmissíveis por conta do avanço dos tratamentos. A doença também pode ser passada da mãe para o bebê.
A Aids deixou de ser uma “sentença de morte” com o desenvolvimento de novas drogas antirretrovirais e hoje a população que vive com HIV tem uma qualidade de vida melhor, isso talvez tenha levado a um relaxamento com a prevenção de DSTs. “Há uma tendência mundial de redução do uso de preservativo nas relações sexuais, principalmente entre os jovens”, explica Aline Junqueira, infectologista do Hospital Adventista Silvestre. Outro motivo apontado pelos especialistas é que o tratamento é fácil e de baixo custo.
“O mais provável é que a acessibilidade da penicilina tenha passado de nossa maior aliada para nossa maior inimiga. O preço modesto, que deveria facilitar o acesso da população à droga, desestimula a indústria farmacêutica a fabricá-la”, comenta o urologista Moacyr Simas.
Consequências graves
Apesar de ter fácil diagnóstico (por meio de um exame de sangue ou da raspagem da ferida que aparece na primeira fase da doença) e tratamento baseado em aplicações de penicilina, que curam rapidamente os pacientes em fases iniciais, a sífilis pode trazer graves consequências se não for tratada.
“A doença desenvolve lesões na pele, nos ossos, nas articulações, podendo causar aneurisma, meningite paralisia geral e demência”, relata Ana Cláudia Sodré, ginecologista da Policlínica Centrodador.com.
“Infecções congênitas (passadas das mães para o bebê) acarretam alta morbidade abortamento, prematuridade e baixo peso de nascimento, deformações ósseas, articulares e neurológicas como meningite, surdez e dificuldade de aprendizado”, completa a infectologista Aline.
Doença
Sífilis é uma DST (doença sexualmente transmissível) causada pela bactéria Treponema pallidum. Geralmente é transmitida via contato sexual e entra no corpo por meio de pequenos cortes presentes na pele ou por membranas mucosas.
Só é contagiosa nos estágios primário e secundário e, às vezes, durante o início do período latente. Raramente, a doença pode ser transmitida pelo beijo, mas também pode ser congênita, sendo passada de mãe para filho durante a gravidez ou parto.
Uma vez curada, a sífilis não pode reaparecer – a não ser que a pessoa seja reinfectada por alguém que esteja contaminado.
Sífilis primária
A sífilis primária é o primeiro estágio. Cerca de duas a três semanas após o contágio, formam-se feridas indolores (cancros) no local da infecção. Não é possível observar as feridas ou qualquer sintoma, principalmente se as feridas estiverem situadas no reto ou no colo do útero. As feridas desaparecem em cerca de quatro a seis semanas depois, mesmo sem tratamento. A bactéria torna-se dormente (inativa) no organismo nesse estágio.
Sífilis secundária
A sífilis secundária acontece cerca de duas a oito semanas após as primeiras feridas se formarem. Aproximadamente 33% daqueles que não trataram a sífilis primária desenvolvem o segundo estágio. Aqui, o paciente pode apresentar dores musculares, febre, dor de garganta e dificuldade para deglutir. Esses sintomas geralmente somem sem tratamento e, mais uma vez, a bactéria fica inativa no organismo. Além desses sintomas, a sífilis secundária pode se manifestar por uma vermelhidão na pele (exantema), pela presenças de íngua (gânglios) nas axilas, na região inguinal, entre outras e pelo aumento do fígado e do baço.
Sífilis latente
Esse é o período correspondente ao estágio inativo da sífilis, em que não há sintomas. Esse estágio pode perdurar por anos sem que a pessoa sinta nada. A doença pode nunca mais se manifestar no organismo, mas pode ser que ela se desenvolva para o próximo estágio, o terciário – e mais grave de todos.
Sífilis congênita
A sífilis pode, ainda, ser congênita. Nela, a mãe infectada transmite a doença para o bebê, seja durante a gravidez, por meio da placenta, seja na hora do parto. A maioria dos bebês que nasce infectado não apresenta nenhum sintoma da doença. No entanto, alguns podem apresentar rachaduras nas palmas das mãos e nas solas dos pés. Mais tarde, a criança pode desenvolver sintomas mais graves, como surdez e deformidades nos dentes.