Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2017
A prisão de uma fonte do site “The Intercept”, na segunda-feira, fez tremer o jornalismo americano. “Catástrofe” foi a expressão recorrente para descrever o efeito que ela poderá ter sobre outros “whistle-blowers”, vazadores de informação de interesse público.
De um lado, porque sinaliza que a perseguição aos vazamentos e aos jornalistas, que marcou o governo do então presidente Barack Obama, prossegue e talvez se intensifique. De outro, motivo maior para o calafrio com a prisão, porque o jornalismo se mostrou incapaz de proteger o anonimato de uma fonte especialmente visada.
No tuíte ameaçador de Corey Lewandowski, que foi chefe da campanha de Donald Trump, sobre o episódio: “Se você vazar, você será pego!”. Ao fundo da mensagem, a fotografia do prédio negro da NSA (Agência Nacional de Segurança).
Reality Winner, que trabalha para a NSA, motivou piadas oportunistas contra Trump nos “talk shows” de terça, por causa de seu nome, “vencedora da realidade”. Mas o indiciamento e a perspectiva de anos na prisão, como Chelsea Manning, não têm nada de cômico, para uma jovem de 25.
Outros repórteres que trabalham com vazadores foram os mais revoltados com o tombo do “Intercept”, tido como incompreensível. O site, criado por Glenn Greenwald depois de suas reportagens premiadas com Edward Snowden, tem especialistas em segurança de vazamento.
Eles não foram ouvidos e o site teria falhado duas vezes: levou para avaliação do governo documentos que continham registros de sua origem — a impressora em que foram copiados— e informou depois ao governo que teriam sido enviados de uma determinada região.
Com isso, teria dado o ponto de partida para a identificação de Reality Winner, segundo o próprio processo de indiciamento. A resposta do “Intercept” foi lançar dúvidas sobre o que o indiciamento diz, sem negar nem sequer comentar as suas próprias falhas.