Domingo, 24 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2025
As indústrias madeireira, calçadista e de armamentos, que registram queda nas vendas por causa do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, adotaram férias coletivas como primeira medida para conter custos. Sem uma reversão das sobretaxas aplicadas pelo presidente Donald Trump ou a abertura de novos mercados, os setores pedem apoio do governo brasileiro para evitar demissões em massa.
Empresas do setor de madeira acumulam estoque sem as vendas para os EUA. A Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), que reúne fabricantes de compensados, pisos, molduras, pallets e outros, relata que a operação do setor está travada, pois os contratos de vendas para o mercado norte-americano foram congelados ou rescindidos. Algumas empresas não têm mais espaço para armazenar mercadorias que iriam para os EUA.
Muitas estão tendo que remanejar funcionários. A Millpar, segunda maior empresa do setor no Brasil, que fabrica molduras e partes de portas, primeiro deu férias coletivas aos funcionários da sua unidade em Quedas do Iguaçu (PR). Depois, encerrou as atividades dessa unidade, na terça (19), para concentrar a produção em Guarapuava (PR).
“Estamos tomando decisões extremamente difíceis, mas necessárias para manter a sustentabilidade do negócio e preservar parcela significativa dos postos de trabalho”, diz Ettore Giacomet Basile, presidente da empresa.
Paulo Pupo, superintendente da Abimci, diz que as demissões ainda são pontuais. Segundo ele, na maioria das empresas, as férias coletivas continuam em vigor.
O ramo de calçados decretou férias aos profissionais. Já a Polimetal, subsidiária e fornecedora de peças para a fabricante de armamentos Taurus, colocou 33 dos 50 funcionários em férias coletivas em São Leopoldo (RS). Em nota, a Taurus diz que a providência faz parte da estratégia de transferir parte da produção para os EUA para “minimizar os impactos da taxação.”
Ação inicial
Férias coletivas parciais ou totais representam a ação inicial das empresas. Essa medida ajuda a solucionar o problema imediato, que são os custos de produção elevados sem vendas, e a pensar com mais calma no longo prazo. Além disso, barateia as rescisões dos trabalhadores, porque, se não tiradas, as férias precisam ser pagas em dinheiro quando da demissão.
A próxima etapa é a demissão de funcionários, dizem os setores. Essa é a saída sem a reversão das tarifas, a abertura de mercados para escoar as vendas que iriam aos EUA ou medidas do governo como a autorização para a suspensão temporária dos contratos de trabalho, de acordo com os empresários. Representantes dos segmentos mais afetados elogiam o plano de contingência do governo, mas pedem ações mais efetivas para manter seus colaboradores, como as adotadas durante a pandemia.
A Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) pediu ao governo na semana passada a adoção de mecanismos de redução temporária de jornada e salário proporcionais. Também sugeriu a possibilidade de suspensão do contrato de trabalho por até 90 dias e o uso de recursos da União para arcar com um auxílio aos funcionários. As informações são da Folha de S. Paulo