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Por Redação O Sul | 23 de setembro de 2016
Um grupo internacional de pesquisadores utilizou telescópios gigantes para identificar os segredos e a natureza de um objeto muito distinto no Universo, chamado de bolha Lyman-alpha (LAB). Ela é formada por enormes nuvens de hidrogênio e, para descobrir mais sobre sua composição, foram necessários diversos telescópios gigantes, entre eles o Alma (sigla para Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array) e o VLT (Very Large Telescope).
Até então, os astrônomos não sabiam por que essas grandes nuvens de gás eram tão brilhantes, mas os telescópios identificaram duas galáxias no coração de um desses objetos que estão passando por uma formação estelar que provoca a iluminação no entorno.
Essas galáxias, em contrapartida, estão no centro de um “cacho” de outras menores, no que parece ser a fase inicial de formação de um grupo massivo de galáxias.
De acordo com os pesquisadores, as duas galáxias observadas dentro da bolha Lyman-alpha devem evoluir para uma grande galáxia elíptica.
As bolhas podem cobrir centenas de milhares de anos-luz e são encontradas a longas distâncias cósmicas. O nome reflete a característica das ondas ultravioletas que elas emitem, conhecidas como radiação Lyman-alpha.
Desde a descoberta dessas bolhas, os processos que levam à criação dessas estruturas têm sido um quebra-cabeças para os astrônomos. Mas novas observações do Alma podem agora ter solucionado o mistério.
Uma das maiores bolhas conhecidas – e a mais estudada – é a SSA22, ou LAB-1. Localizada dentro do centro de um grupo de galáxias em fase inicial de formação, foi o primeiro objeto desse tipo a ser descoberto, em 2000, e está tão distante que sua luz demorou 11,5 bilhões de anos para chegar à Terra.
Um grupo de astrônomos, liderado por Jim Geach, do Centro de Pesquisas Astrofísicas da Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, usou agora a tecnologia do Alma para observar a luz das nuvens de pó geladas em galáxias distantes para olhar ainda mais profundamente na LAB-1. Isso permitiu a identificação de diversas fontes de emissão de ondas submilimétricas.
Eles, então, combinaram as imagens provenientes do Alma com observações do telescópio VLT. Isso revelou que as fontes de emissão “pescadas” pelo Alma estão localizadas no centro da bolha, onde estão sendo formadas estrelas em uma velocidade 100 vezes maior do que a da Via Láctea.
Imagens adicionais mostram ainda que as fontes do Alma estão cercadas de galáxias mais fracas que podem estar bombardeando as fontes centrais com material e auxiliando na velocidade da formação estalar.
Luzes na neblina.
A equipe, então, usou uma simulação galáctica sofisticada para demonstrar que a nuvem brilhante gigante emitida pela LAB pode ser explicada se a luz ultravioleta produzida pela formação estelar observada pelas fontes do Alma espalha o gás hidrogênio dos arredores. Isso levaria à formação da bolha de Lyman-Alfa que conseguimos ver.
O pesquisador central do estudo, Jim Geach, faz uma analogia para explicar a descoberta. “Pense nas luzes das ruas em uma noite de neblina – você vê aquele brilho difuso porque a luz se espalha de pequenas gotas. Um movimento similar acontece aqui, exceto pelo fato de que a luz das ruas é uma galáxia de intensa formação estelar, e a neblina é uma nuvem gigante de gás intergaláctico. As galáxias estão iluminando seus arredores”, explica.
Entender a formação das galáxias e sua evolução é um desafio enorme para os astrônomos e as bolhas Lyman-alpha são importantes porque parecem ser os lugares onde a maioria das galáxias massivas se formam. Em particular, o brilho dessas bolhas pode dar informações sobre o que está acontecendo nas nuvens de gás primordiais que circundam as galáxias jovens.