Quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de agosto de 2017
Aos 7 anos de idade, Priscila Sousa foi levada do Espírito Santo para a cidade norte-americana de Framingham por seus pais, que recomeçavam a vida no Estado de Massachusetts. Duas décadas mais tarde, aos 29, ela é a primeira brasileira a se candidatar a uma prefeitura na “Terra do Tio Sam”, decisão que a transformou em um dos símbolos da mudança de atitude da comunidade verde-e-amarela em relação à participação política no país adotivo.
Com um dos maiores porcentuais de brasileiros em sua população registrados nos Estados Unidos, Framingham acaba de se transformar em cidade e terá neste ano a sua primeira eleição. Integrantes da geração que chegou a Massachusetts na mesma época em que os pais de Sousa, Pablo Maia e Margareth Shepard, ambos de 59 anos, são candidatos a duas das 11 cadeiras de vereadores que também estarão em disputa.
No grupo majoritário, a maior esperança de Priscila são os jovens, já que a geração mais velha tende a se identificar com políticos tradicionais. O problema é que minorias e jovens votam em menor proporção que os eleitores brancos mais velhos.
Formada em Ciências Sociais, ela adquiriu experiência administrativa quando assumiu o comando das duas empresas de sua família, de 2010 a 2012, período em que seus pais se afastaram por razões médicas. Suas propostas de campanha têm três pilares: garantir o investimento em educação infantil e adulta, simplificar os procedimentos de abertura e manutenção de empresas e ampliar oportunidades de participação das comunidades locais na administração pública.
Sempre que encontra desafios em sua campanha, ela lança mão de uma das frases repetidas por seu pai: “O possível a gente faz agora. O impossível, daqui a cinco minutos”.
Concorrência
No entanto, não há união da comunidade em torno da candidatura de Sousa. Muitos dos empresários da velha guarda defendem o nome de John Stefanini, que apoiou os brasileiros desde o início de sua imigração para Framingham, há mais de duas décadas. Ele teve cinco mandatos de deputado estadual e integrou o conselho que administrava o local antes de sua transformação em cidade. Com mais dinheiro e experiência política, ele é considerado o favorito na disputa.
“As chances de Priscila dependem não só da mobilização de brasileiros e de hispânicos, mas também de americanos brancos, que representam 67% da população local”, disse Maurício Moura, presidente da empresa de pesquisa e inteligência eleitoral Ideia Big Data, que trabalha na campanha da candidata.
A 42 quilômetros de distância, em Everett, a também brasileira Stephanie Martins também está em campanha para a Câmara Municipal. Ela tem os mesmos 29 anos de Priscila e ambas representam os imigrantes que transitam com fluência absoluta entre os idiomas português e inglês. Já houve dois casos isolados de candidatos brasileiros a vereador que naufragaram em Massachusetts.