Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 27 de novembro de 2015
Uma pesquisa inédita desenvolveu um equipamento que pode detectar a formação do câncer de mama seis meses antes de algum nódulo aparecer. O dispositivo, que tem o tamanho de uma moeda, possui 64 sensores. Segundo os pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), quando ele recebe sangue, transforma reação química em corrente elétrica, e a partir de gráficos, ele mostra a concentração de uma proteína que se multiplica quando a doença aparece: a HER2.
“Meses antes de desenvolver o câncer de mama, essa proteína começa a ser liberada no sangue. Com base nessa proposta, a gente tentou criar um dispositivo que fosse capaz de detectar essa proteína em concentrações bem baixas”, afirma a pesquisadora Cecília de Carvalho e Silva.
Grafite de lápis.
Normalmente, um microchip é feito de silício, mas para desenvolver a tecnologia, os pesquisadores utilizaram um outro material, o grafeno, que é basicamente grafite de lápis.
Além de permitir a detecção da formação do câncer de mama seis meses antes da formação do nódulo, o método também poderia ajudar no tratamento, monitorando o nível da proteína durante a realização da quimioterapia.
“Para saber qual estágio do câncer essa mulher se encontra”, afirma a pesquisadora.
Nanotecnologia.
Foram quatro anos de pesquisa do departamento de química da universidade em parceria com a equipe de engenharia elétrica para que o microchip pudesse ter contato com um líquido sem provocar o curto-circuito dos componentes. A nanotecnologia empregada é de fácil adaptação a outros equipamentos, como um smartphone, por exemplo.
Segundo o pesquisador Lauro Tatsuo Kubota, a tecnologia pode ser utilizada fora dos laboratórios. “Pode ser no próprio consultório médico ou em casa”, explica.
O equipamento pode se tornar uma prevenção ao tipo de câncer que mais mata mulheres no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. São mais de 8 milhões de mortes todo ano. No Brasil, surge um caso a cada 9 minutos e metade dos diagnósticos acontece em estágio avançado, onde o tratamento é mais difícil.
“O ideal é que façamos o diagnóstico da doença antes de ela ser palpável, antes de ser percebida pela paciente”, afirma Cássio Cardoso Filho, vice-diretor clínico do Hospital da Mulher da Unicamp. No entanto, antes de ser feito um teste em sangue humano, o dispositivo tem que ser aprovado pelo Conselho de Ética da universidade e não existe previsão de data para isso acontecer. (AG)