Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 13 de maio de 2025
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã dessa terça-feira (13), uma operação contra um grupo suspeito de fraudar contas digitais vinculadas à plataforma gov.br. Segundo as investigações, os criminosos usavam técnicas avançadas de alteração facial para burlar sistemas de autenticação biométrica.
A PF aponta que os suspeitos simulavam traços faciais de terceiros para acessar as contas digitais das vítimas. Dessa forma, eles conseguiam ter acesso a serviços públicos e informações pessoais, de acordo com os investigadores.
Os agentes foram mobilizados para o cumprimento de cinco mandados de prisão temporária. Até o começo da noite, três pessoas haviam sido presas e duas eram consideradas foragidas.
A operação, que foi deflagrada em nove Estados, foi mobilizada para o cumprimento de cinco mandados de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão. Os Estados alvos são: São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Tocantins.
Segundo a Polícia Federal, os suspeitos utilizavam técnicas de alteração facial para enganar a ferramenta “liveness”, usada para verificar se a imagem capturada é de uma pessoa real e viva. Dessa forma, o grupo conseguia simular traços faciais de terceiros e acessar contas digitais no gov.br, obtendo acesso a informações pessoais e serviços públicos.
O grupo atuava em duas frentes principais:
– Contas de pessoas falecidas: Violavam contas para acessar valores a receber do Banco Central.
– Contas de pessoas vivas: Acessavam valores do Banco Central e autorizavam consignações no aplicativo “Meu INSS”.
Os envolvidos podem responder por invasão de dispositivo informático qualificada e associação criminosa. A operação tem como objetivo desarticular o esquema e identificar outros possíveis integrantes da quadrilha.
Três mil contas acessadas
O delegado Isalino Giacomet, chefe da Divisão de Investigação e Operações Especiais (DIOE), da Polícia Federal, informou que a investigação começou depois que o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos identificou a invasão de seis contas gov.br e denunciou à PF.
De acordo com ele, após análise de dados a estimativa agora é que ao menos três mil contas gov.br tenham sido acessadas pelos criminosos. Esse número, porém, pode ser maior, diz o delegado.
“Com a apreensão de equipamentos como computadores e celulares dos investigados, a Polícia Federal quer descobrir a extensão da fraude provocada pelo grupo, inclusive o possível uso de dados de usuários e do acesso ao gov.br para contrair empréstimos consignados”, aponta a PF.
O delegado Flávio Maselli Lemes, responsável pela operação desta terça, diz que não há indícios da participação de servidores públicos na fraude. Segundo ele, o sistema de segurança da plataforma gov.br inclui a checagem de informações dos usuários junto ao banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e das carteiras de habilitação, incluindo fotos.
“Além disso, o sistema de biometria do portal conta com uma ferramenta chamada de ‘liveness’ que identifica se o rosto filmado na câmera no momento do acesso é mesmo de uma pessoa real, e não uma foto, por exemplo, e se ela está viva”, diz o delegado.
As investigações apontam que os suspeitos usaram ferramentas que geraram imagens que enganaram o sistema de segurança da plataforma gov.br, inclusive o “liveness”.