Mundo Taiwan fabricará mísseis com mais de mil quilômetros de alcance
Por Redação O Sul | 25 de dezembro de 2017
O Ministério de Defesa de Taiwan informou que planeja fabricar, em breve, uma atualização dos mísseis Hsiung Feng IIE, com uma versão de alcance superior a mil quilômetros de distânca. A arma é do tipo “terra-terra”, ou seja, prevê o ponto de partida e o de chegada localizados no níveo do solo.
De acordo com o jornal local “Shangbao”, o artefato de cruzeiro foi testado pela primeira vez em 2008 e hoje tem um alcance de 600 quilômetros. Isso representa pouco mais da metade do que poderá ser obtido com o novo modelo.
Por outro lado, o míssil ar-ar (com disparo e alvo no espaço aéreo) Tien Chien II foi melhorado para ampliar o seu alcance de 60 para 100 quilômetros, superando os testes necessários para entrar em serviço. Conforme uma reportagem do jornal taiuanês “Taipe Times”, citando fontes militares anônimas, o dispositivo está nos planos da Marinha do país asiático.
O anúncio de melhorias nos mísseis taiuaneses acontece em meio a crescentes atividades militares da China nas proximidades de Taiwan. A movimentação inclui frequentes voos de aviões militares chineses nas proximidades da zona de identificação de defesa aérea do território taiuanês.
História
A questão geopolítica de Taiwan teve origem com a vitória da Revolução Chinesa em 1949, que resultou na derrubada do governo de Chiang Kai-Shek e na instauração do governo do líder socialista deMao-Tsé Tung. Kai-Shek, que governava o gigante asiático desde 1927, refugiou-se com seu Estado-Maior e cerca de 2 milhões de chineses na ilha de Taiwan (também conhecida por Formosa), a 130 quilômetros do litoral continental da China e separada desta pelo estreito do mesmo nome.
Formou-se na ilha, então, um governo autônomo, com o apoio dos Estados Unidos. A partir desse período, a China seguiu dividida em duas: República Popular da China (a parte continental) e a China Nacionalista ou Taiwan (porção insular). Elas representavam os dois lados da Guerra Fria (1945-1990). A China Popular aliou-se à então União Soviética até 1960 e depois seguiu o seu próprio caminho.
As duas Chinas passaram a viver uma situação de hostilidade, ocorrendo, inclusive, conflitos armados nos primeiros anos de sua divisão. A China Nacionalista, porém, assegurou sua existência através do estreitamento das relações com os Estados Unidos. Em 1954, os governos norte-americano e taiuanês assinaram um acordo de defesa mútua, após o intenso bombardeio do estreito de Formosa pela República Popular da China, nesse mesmo ano.
Chinag Kai-Shek, líder do Partido Nacionalista (Kuomintang), governou Taiwan até 1975, com poderes ditatoriais. Mesmo após a sua morte, nesse mesmo ano, a ilha continuou a ser controlada pelo grupo. Somente na década de 1990 o país passou por um processo de democratização, abrindo espaço para outras legendas políticas.
Em 2000, o Partido Democrático Progressista (PDP) conquistou o poder através de eleições livres, sob o comando de Chen Shui-bian. O PDP sempre manifestou posição favorável à independência em relação à China Popular, que lhe rendeu os votos da maioria da população taiwanesa e assegurou a reeleição de Chen, em 2004.
Taiwan tem governo próprio, eleito democraticamente, instituições independentes, moeda nacional, forças armadas, participa ativamente do comércio internacional e é membro da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico). Para efeitos práticos, trata-se de um Estado soberano. Apesar disso, não é reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) e nem pelas principais entidades internacionais. Apesar disso, consegue manter relações diplomáticas com 26 países, número pequeno mas considerável.
A China Popular considera Taiwan uma província rebelde, como parte inalienável do seu território. Nos últimos anos, tem se empenhado ostensivamente no projeto de reunificação, inclusive recorrendo ao uso da força, caso isso seja inevitável. Desde a década de 1990, tem realizado manobras militares no estreito de Taiwan, no sentido de reforçar a sua disposição de impedir qualquer tentativa de independência.
