Caiu a máscara: a comissão especial do Congresso tirou ontem o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça, transferindo-o para o Ministério da Economia. Votaram pela mudança representantes de PP, PL, PSD, DEM, MDB, PSDB, PT, PDT e PSB. A permanência na Justiça é fundamental para o combate à corrupção. Venceu a pressão de integrantes do centrão e da oposição para se autoproteger. A decisão poderá ser revertida nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado, mas o monitoramento do ministro Sérgio Moro atemoriza.
Para enfraquecer a fiscalização
Criado em 1998, o Coaf recebe dados de setores que são obrigados por lei a informar transações suspeitas de lavagem de dinheiro. O conselho analisa e pode encaminhar ao Ministério Público.
Não haverá atropelo
Ocorreram ontem duas comprovações: os discursos na tribuna da Assembleia têm eco e o Palácio Piratini não é uma ilha cercada apenas pelos que concordam. O governo decidiu travar o envio de projetos sobre a privatização da CEEE, da CRM e da Sulgás para formar uma comissão especial. Tarefas: definir o destino a ser dado ao dinheiro das vendas e aos servidores das estatais.
Precauções necessárias
Deputados querem também detalhes sobre garantias a serem dadas por quem vai comprar a CEEE. Há um século e meio, se faltasse energia, nada ocorreria. Thomas Edison ainda não tinha instalado a primeira usina elétrica. Hoje, o corte no fornecimento provoca imensos prejuízos na indústria, no comércio e em residências. Conseguir ressarcimentos é mais difícil do que empurrar uma montanha. Empertigados experts tentam explicar e não conseguem.
É uma boia apenas
Quantas novas decisões o governo do Estado precisará obter do Supremo Tribunal Federal para salvar momentaneamente o caixa? Ontem, em Brasília, foram garantidos 650 milhões de reais. Para quem prevê déficit de 7 bilhões este ano é muito pouco.
Surgirá o clique
Um dia, a maioria dos brasileiros descobrirá que a condição fundamental para a criação de empregos é o equilíbrio das contas públicas.
Território da complicação
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação pesquisou e concluiu: existem hoje 63 tipos de tributos e quase 100 tipos de obrigações acessórias diferentes. Um estudo do Banco Mundial no ano passado, denominado Doing Business, apontou que o Brasil é o de número 184 quando o tema é pagamento de impostos, dentro de um universo de 190 países.
Resumo: em torno de um terço da geração de riqueza em nosso país é comprometido com os tributos.
No mundo da lua
A Câmara dos Deputados brindou ontem os brasileiros com uma pitada de humor. Depois de ouvir depoimentos na CPI, concluiu: “A análise de risco do crédito para basear financiamentos do BNDES no exterior pode ter sido tendenciosa.” Acham que “pode ter sido…”
Quintal de casa
A 10 de maio de 1989, os jornais noticiaram que dos 559 integrantes do Congresso, 291 tinham 457 parentes próximos empregados em seus gabinetes. Eram 254 deputados federais e 37 senadores que mantinham o clube mais privilegiado do Distrito Federal, o do nepotismo.
Só em 2008, por decisão do Supremo Tribunal, a mordomia foi extinta.
Até quando?
No próximo dia 26 vai se completar um ano do bloqueio para veículos na rua Riachuelo, entre Vigário José Inácio e Marechal Floriano. Uma briga de herdeiros, que está na Justiça, atrapalha milhares de pessoas que precisam chegar ao Centro de Porto Alegre.
Alô Prefeitura
Crescem as reclamações contra usuários de patinetes elétricos em Porto Alegre, que circulam entre os carros ou atrapalham pedestres.
Tradicional descaso
Na vida pública brasileira, promessa não é dívida.