Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2015
O vice-presidente Michel Temer decidiu assumir na prática o papel de fiador da gestão Dilma Rousseff no governo federal. Em conversas recentes com empresários e aliados políticos, o peemedebista demonstrou estar convicto de que qualquer caminho de saída da crise passa necessariamente por ele e pelo partido que comanda. A decisão de Temer é uma inflexão na maneira como ele vinha encarando o desenrolar da crise.
Até meados do mês passado, o vice acreditava que Dilma tinha plenas condições de enfrentar sozinha o desgaste e não aceitava nem sequer falar sobre a possibilidade de um processo de impeachment dela.
Em público, Temer continua refratário em relação à possibilidade de afastamento da presidenta, mas, reservadamente, diz estar convencido de que o perigo é real e imediato e precisa ser combatido. Nos últimos dias, Temer fez movimentos na tentativa de emergir do atual cenário como uma espécie de fiador da presidenta.
Mas, conforme um de seus aliados, a movimentação do vice também tem como horizonte uma tentativa de se “preservar” como alternativa de poder caso Dilma seja impedida de concluir o mandato. Enquanto o PT e Dilma insistem em atacar a oposição como forma de sair de crise, o plano de Temer envolve uma concertação entre empresários, partidos da base aliada e também alas importantes do PSDB, principal adversário dos petistas.
Com esse arranjo, o vice acha ser possível preservar o ajuste fiscal em curso no Legislativo e pacificar os ânimos de deputados e senadores. Para isso, Temer espera contar com a ajuda do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e também com a oposição.
O vice procura evitar o tema, mas a hipótese de ser uma alternativa de poder é vista como algo concreto. Tanto que alguns peemedebistas intensificaram as conversas com lideranças da oposição na última semana. (AE)