Quinta-feira, 08 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de janeiro de 2016
O cirurgião plástico Wagner Moraes, que operou a modelo Raquel Santos, que morreu após um procedimento cirúrgico na noite de segunda-feira, acusou a moça de ter usado anabolizante destinado exclusivamente para animais. Raquel, de 28 anos, sofreu uma parada cardíaca depois de se submeter ao preenchimento facial conhecido como “bigode chinês”.
O procedimento estético foi realizado na clínica de Cirurgia Plástica Wagner Moraes, em Niterói (RJ). A moça teria passado mal logo após o procedimento e foi encaminhada a um hospital, com falta de ar e arritmia. Ela morreu pouco depois.
“Depois que a Raquel fez o procedimento, o marido veio me dizer que ela injetava diariamente, sozinha, na coxa, uma substância chamada Potenay, além de ser uma fumante inveterada. Fumava três maços de cigarro por dia, tinha um pigarro constante. Ela tinha uma bomba no corpo, que ia estourar. O procedimento que eu fiz nela é muito simples. Mas ela deve ter tido uma superdosagem de Potenay no dia e o seu coração não aguentou”, contou o médico em entrevista.
“Ela mesmo se aplicava diariamente um produto de cavalos pra aumentar a força do músculo, a potência do músculo”, afirmou.
De acordo com Moraes, a primeira consulta da modelo foi no dia 30 de dezembro do ano passado. Depois, ela voltou ao consultório na segunda-feira e, na ficha que preencheu, disse que não fazia uso de medicamentos.
O Potenay é um complexo vitamínico que estimula a nutrição, associado a uma substância de ação hipertensiva que visa a rápida recuperação dos animais. O uso da substância eleva a pressão sanguínea, melhorando a circulação e a respiração.
“O uso deste medicamento foi proibido em seres humanos pois não é seguro, uma vez que não há controle sobre o quanto a pressão arterial e os batimentos cardíacos podem aumentar. Pode causar aumento da pressão arterial [hipertensão] e em pessoas com propensão pode causar arritmias e infarto do miocárdio”, explicou o cirurgião Sandro Lemos.
“Não tem como não falar que foi a vaidade excessiva que a matou”, disse o viúvo de Raquel, Gilberto Azevedo. Segundo ele, Raquel não tinha hábitos saudáveis. “Ela fumava muito, tomava substância na academia, não se preocupava com a saúde”, afirmou.
Laudo médico.
O velório da modelo aconteceu na terça-feira mas foi interrompido por agentes da Polícia Civil. Os investigadores conseguiram autorização da Justiça para fazer necrópsia no corpo. O hospital informou que todas as informações da declaração de óbito são de responsabilidade do médico.
A declaração de óbito indicou a causa da morte desconhecida, intoxicação e aplicação própria de anabolizante animal. A polícia declarou que inicialmente houve uma solicitação de dúvida, por parte do cartório, em relação à causa mortis, que estava na declaração de óbito. O delegado responsável por apurar o caso disse que tudo será verificado e confrontado com o exame feito pelo IML (Instituto Médico Legal).
O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) abriu sindicância para apurar as circunstâncias da morte da paciente. “O médico citado não tem título de especialista registrado no Cremerj”, declarou o órgão em nota.