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Colunistas Tragédia caricata

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Proposta já foi aprovada no Senado. (Foto: Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O modelo vigente da representação no Congresso Nacional é o dispêndio inútil enganoso de ação e energia, e uma veia aberta de consumo dos recursos públicos e da paciência popular.

Só em momentos muito raros, o Parlamento é o palco de um pronunciamento de fundo, de uma reflexão pertinente, de um debate esclarecedor, sobre as grandes questões nacionais. Parece haver um esforço tenaz para reduzir tudo a um termo apequenado, tosco, de baixa extração.

Escutem a Voz do Brasil – esse monumento à nossa indigência institucional -, na parte que diz respeito à Câmara e ao Senado. É um desfile de platitudes, clichês, congratulações pelo aniversário da cidade, homenagens a ilustres e desconhecidos cidadãos, e da troca de acusações rasteiras entre as facções políticas e partidárias. Pouco se aproveita. Os pronunciamentos são quase sempre de apelo eleitoreiro, recados para agradar as “bases”, os colégios eleitorais de onde recebem os seus votos. As intervenções com enorme frequência, são o cenário perfeito da demagogia mais vulgar.

E notem: a Voz do Brasil é apenas um breve resumo de 15 minutos, dos feitos, dos discursos, das intervenções de suas excelências. Mas eles navegam nessas águas turvas o dia inteiro, a semana, o mês, o ano. Há quem reclame da semana de três dias dos parlamentares. Errado: quanto menos eles estiverem em Brasília, menor será o prejuízo para o vernáculo, o bom gosto, os bons costumes, o país. Na mesma linha, ao invés de encurtar os recessos, deveriam estendê-los.

Uma das pragas prediletas de suas excelências são os discursos elaborados pelos assessores, e que são “dados como lidos”. Há políticos que “falam” todos os dias. Dissertam sobre os mais variados temas. Às vezes, nem mesmo o seu “autor” lê. O factoide, depois, abastece a imprensa e aparece na Voz do Brasil como se tivesse sido pronunciado da tribuna.

Os projetos legislativos são, na maioria dos casos, demagógicos. Existe uma verdadeira obsessão para criar novas despesas, mas isso é vedado pela Constituição. Os seus autores sabem muito bem da proibição. Mas vale tudo para agradar – quase disse enganar – os eleitores.

Um capítulo constrangedor – daqueles que causam vergonha alheia – da ação parlamentar, são os projetos legislativos, digamos, bizarros. Assim, na Câmara dos Deputados, há um projeto para que a cidade de Apucarana-PR seja declarada a “Capital Nacional do Boné”; um que veda atribuir nomes de pessoas a animais domésticos; outro que proíbe o motorista, mesmo são, de dar carona para passageiros que tenham ingerido bebida alcoólica; um que proíbe a fabricação de cervejas adocicadas, porque podem induzir crianças a bebê-las; outro para que condenados por mais de um homicídio sejam obrigados a fazer doação de órgãos, como os rins, para compensar o mal que fizeram; e que proíbe o retoque de fotos (photoshop) que venha a alterar a aparência física do retratado. E vai longe por aí.

A lista é interminável. Procure no Google por “projetos de lei bizarros”. São cômicos, não refletem a tragédia caricata e provavelmente incorrigível da nossa representação parlamentar.

titoguarniere@terra.com.br

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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