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Política Trajetos de jatos investigados pela Polícia Federal coincidem com agenda do presidente do partido União Brasil

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O presidente do União Brasil não é formalmente investigado no caso e tem negado reiteradamente qualquer ligação com os jatinhos. (Foto: Reprodução)

Os trajetos dos jatos na mira da Polícia Federal (PF) por serem administrados por uma empresa de táxi aéreo usada por integrantes do PCC infiltrados no setor de combustíveis – e que um piloto declarou em depoimento à PF – seriam do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, apresentam coincidências com a agenda do dirigente partidário.

O vínculo entre as aeronaves e Rueda foi mencionado por Mauro Caputti Mattosinho, que trabalhou até duas semanas atrás para a Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), administradora dos aviões. Ele depôs à PF em um aeroporto em São Roque (SP).

O presidente do União Brasil não é formalmente investigado no caso e tem negado reiteradamente qualquer ligação com os jatinhos. Procurado pela equipe da coluna de Malu Gaspar, do jornal O Globo, Rueda se disse alvo de “denúncias vazias e politizadas”, afirmou que as acusações sobre aeronaves são “falsas” e “não irão prosperar” e declarou que suas movimentações financeiras estão à disposição das autoridades.

De acordo com os sites Metrópoles, UOL e ICL, Mattosinho contou aos investigadores que transportou em diversas ocasiões dois homens apontados como líderes do esquema, Mohamad Hussein Mourad, o Primo, e Roberto Augusto Leme Silva, conhecido como Beto Louco. Mattosinho também disse ter ouvido dos superiores na empresa que os aviões eram de Rueda.

A divulgação das reportagens levou o União a antecipar o desembarque do partido do governo Lula, o que fez o ministro do Turismo, Celso Sabino, sinalizar ao presidente na última sexta-feira que pedirá demissão do cargo.

Mattosinho deu uma entrevista ao ICL afirmando que os funcionários da empresa de táxi aéreo se referiam aos aviões como sendo do “Ruedinha”.

“O Antonio Rueda é uma pessoa que já fazia negócios com a Táxi Aéreo Piracicaba desde que eu cheguei lá como funcionário, aproximadamente dois anos atrás”, contou o piloto ao portal.

“Havia constantes conversas nos corredores da empresa, nos escritórios, a respeito daquela aeronave do Rueda, que em geral se referiam como a aeronave do Ruedinha, como um assunto da empresa”.

Segundo o site Poder 360, o piloto é filiado ao PSOL desde janeiro deste ano. O mesmo portal publicou que aviões da TAP foram fretados pelo PSB para o então candidato a vice de Lula, Geraldo Alckmin, em 2022 e pelo PT para Gleisi Hoffmann em 2023, quando a atual ministra da Secretaria de Relações Institucionais presidia o partido. Não há indícios de irregularidades nesses voos.

De acordo com a entrevista de Mattosinho ao ICL, quatro aeronaves foram adquiridas e agregadas à frota administrada pela empresa. Segundo ele, “foi justificado como sendo um grupo muito forte, encabeçado pelo Rueda, que vinha com muito dinheiro que precisava gastar”.

Um desses novos aviões, cuja chegada teria sido bastante celebrada na companhia, foi um Gulfstream G200, jato com autonomia para viagens intercontinentais avaliado em aproximadamente R$ 21 milhões e com capacidade para até dez passageiros, a depender da configuração de fábrica.

A equipe da coluna de Malu Gaspar analisou os trajetos dessa aeronave com base na matrícula do avião, PS-MRL, por meio de sinais emitidos pelo transponder que podem ser monitorados através de ferramentas específicas disponíveis online.

O acompanhamento do jatinho a partir de plataformas abertas tradicionais, como o FlightAware e o Flightradar24, está bloqueado. Os sites informam que a restrição foi feita a pedido dos proprietários, o que não é incomum em aeronaves particulares.

Dados do transponder ADS-B do Gulfstream G200 o colocam em Portugal durante o Fórum de Lisboa, o “Gilmarpalooza”, evento jurídico organizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes que costuma reunir autoridades dos Três Poderes, advogados influentes, empresários e lobistas anualmente na capital europeia.

De acordo com as informações do transponder, o Gulfstream saiu de São Paulo para Lisboa em 30 de junho, chegando na capital portuguesa no dia 1º de julho, e retornou cinco dias depois. O fórum ocorreu de 2 a 4 de julho.

Rueda não figurou entre os palestrantes oficiais do Gilmarpalooza, mas a equipe da coluna apurou junto a fontes que se encontraram com ele que o dirigente do União Brasil esteve em Lisboa durante o fórum e participou de eventos paralelos com outras autoridades.

Dois meses antes, em 9 maio, o mesmo Gulfstream G200 viajou de Guarulhos para Nova York, nos Estados Unidos. No período, Antonio Rueda participou da Brazilian Week, evento que promove relações bilaterais entre o Brasil e os EUA, na cidade americana, e que teve início no dia 12 do mesmo mês. No site do União, que destacou a agenda, Rueda aparece em fotos ao lado do correligionário e pré-candidato à presidência, Ronaldo Caiado, governador de Goiás.

No dia 15, data de término da Brazilian Week, o avião decolou do aeroporto de Teterboro, nos arredores de Nova York. Aterrissou em Guarulhos no dia seguinte.

Outro jato que, segundo Mattosinho, teria sido testado por Rueda e estaria no processo de aquisição, foi um Gulfstream G500 que esteve em Mykonos, na Grécia, no início de agosto, esse bem mais valioso. A data marcou o início da celebração de três dias dos seus 50 anos, revelada pela equipe do blog em julho, na ilha paradisíaca que é destino de bilionários e famosos.

A festa foi de 1º de agosto, quando Rueda ofereceu um “Welcome Dinner”, ou jantar de boas-vindas, ao dia 4, com encerramento em um clube badalado da ilha e com show do DJ sul africano Black Coffee, atração frequente em Mykonos e outros destinos milionários da Europa como Ibiza e a Sardenha italiana.

As datas são as mesmas da viagem realizada pelo Gulfstream apontado por Mattosinho, segundo os dados do transponder. O jato saiu do Aeroporto de Cumbica, em Campinas (SP), no dia 31 de julho, e fez uma escala em Brasília. Da capital federal seguiu para Mykonos. Depois voou para a Turquia.

Na Grécia, as comemorações ocorreram em uma vila exclusiva a alguns minutos da praia de Psarou, uma das mais exclusivas na ilha – uma hospedagem de alto luxo que só pode ser alugada por inteiro, com nove quartos e capacidade para 18 pessoas.

Após a viagem, reportagem da Folha de S. Paulo revelou que as festas tiveram a presença de diversos políticos, como o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira – também citado nas apurações da Operação Carbono Oculto, mas não investigado formalmente –, músicos como Xand Avião e o empresário Fernando Oliveira Lima, dono da plataforma de apostas responsável pelo Fortune Tiger, o “jogo do tigrinho”. As informações são do jornal O Globo.

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