Quarta-feira, 17 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2025
Militar é apontado como idealizador do plano “Punhal Verde e Amarelo”.
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilA Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, por unanimidade, o ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, general Mário Fernandes, a 26 anos 6 meses de prisão.
O militar, integrante das forças especiais do Exército — cujos membros são conhecidos como kids pretos —, é apontado como idealizador do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.
Fernandes responderá pelos cinco crimes imputados na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR): organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Segundo a condenação, o ex-secretário teria coordenado as ações mais violentas da organização criminosa.
Em interrogatório, ele admitiu ter elaborado o Plano Punhal Verde e Amarelo, que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes. Ele também teria atuado como interlocutor dos bolsonaristas acampados que pediam intervenção militar.
O material foi apreendido pela Polícia Federal (PF) com o general. Inicialmente nomeado como “Fox_2017.docx”, o arquivo passou a ser denominado “Punhal Verde e Amarelo” por ele próprio.
Em voto, o ministro relator Alexandre de Moraes afirmou que a culpa de Mário Fernandes no caso ficou “amplamente comprovada”. Segundo ele, o ex-secretário integrou a organização criminosa, promoveu de forma ostensiva o golpe e buscou, inclusive, adiantar a tentativa.
Além da pena de prisão, Fernandes também poderá perder posto e patente militar e deverá pagar 120 dias-multa de no valor de um salário-mínimo.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirmou que o general da reserva Mário Fernandes deveria ter utilizado o direito de ficar em silêncio ao invés de afirmar que o plano de assassinar o presidente Lula e outras autoridades encontrado com ele seria apenas um “pensamento digitalizado”.
Ministro falou da importância do direito ao silêncio ao analisar o que foi dito pelo general sobre o documento. “Agora, às vezes, realmente, nós entendemos a importância do direito ao silêncio. É melhor pedir o direito ao silêncio do que dizer: ‘É um arquivo digital que nada mais retrata que um pensamento meu que foi digitalizado'”, afirmou Moraes em seu voto.
Este foi o último núcleo dos acusados pela trama golpista a ser julgado pelo STF. Foram cinco condenados, que se somam aos outros 24 já responsabilizados.
As penas definidas pela Corte variam de 1 ano e 11 meses a 27 anos e 3 meses de prisão, esta última aplicada ao próprio Bolsonaro, considerado o líder da organização criminosa.
Dentre todos os réus, somente dois foram absolvidos: o general Estevam Cals Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército e o delegado Fernando Sousa de Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça.