Segunda-feira, 16 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 6 de janeiro de 2020
A imprensa japonesa divulgou nesta segunda-feira (6) novos detalhes da fuga de Carlos Ghosn, o ex-presidente da aliança Renault-Nissan, acusado de crimes financeiros. O empresário teria pegado um trem de Tóquio até Osaka, de onde embarcou em um avião para sair do Japão. As informações são da agência de notícias AFP.
Em 29 de dezembro, Ghosn tomou um trem de alta velocidade entre Tóquio e Osaka, informaram o jornal “Yomiuri Shimbun” e a emissora de televisão japonesa NTV.
O ex-diretor teria viajado junto com várias pessoas, as quais a polícia japonesa está tentando identificar com base em imagens das câmeras de segurança, acrescentou o jornal.
Em Osaka, Ghosn teria ido de táxi para um hotel perto de aeroporto internacional de Kansai, segundo a NTV.
Japão quer negociar com Líbano
A ministra da Justiça do Japão, Masako Mori, classificou no domingo (5) a saída de Carlos Ghosn do país como ‘aparentemente ilegal’ e ‘lamentável’.
No último dia 30, a Interpol enviou a ordem de prisão do ex-executivo ao Líbano.
O Japão estuda pedir a extradição de Ghosn, mas só tem acordos deste tipo com os Estados Unidos e a Coreia do Sul. Mas a ministra afirmou que pode recorrer ao princípio da reciprocidade para com o Líbano.
Fuga
Ghosn, que além da nacionalidade brasileira tem cidadania francesa e libanesa, era alvo de quatro acusações por crimes financeiros no Japão. Lá, onde vivia prisão domiciliar sob fiança desde abril de 2019, o magnata tinha certa liberdade de movimento, mas sob condições estritas.
O empresário escapou do país a bordo de um jatinho privado e fez uma escala em Istambul, na Turquia, antes de chegar ao Líbano.
Já em Beirute, Ghosn divulgou um comunicado em que afirmou que não será “mais ser refém de um sistema judicial japonês fraudulento em que se presume culpa, onde direitos humanos básicos são negados. Não fugi da justiça. Escapei da injustiça e da perseguição política. Agora posso finalmente me comunicar livremente com a mídia e estou ansioso para começar na próxima semana”.
A Turquia lançou uma investigação sobre a fuga de Ghosn e sete pessoas foram presas, incluindo quatro pilotos, de acordo com a agência de notícias DHA. Cinco permaneciam detidas neste sábado (4). Em nota na quinta-feira, Carlos Ghosn disse que planejou a fuga sozinho. Segundo ele, a família não participou do plano de escape.
Monitoramento interrompido
De acordo com a Reuters, Ghosn deixou sua residência após uma empresa de segurança contratada pela Nissan para vigiá-lo interromper o monitoramento a pedido dos advogados do empresário, em 29 de dezembro.
A defesa do brasileiro alegou que o monitoramento feria seus direitos humanos.
Prisão de Ghosn
Carlos Ghosn foi preso no Japão em 19 de novembro de 2018 e, desde então, deixou a presidência do conselho das três montadoras que comandava: da Nissan, da Mitsubishi e da Renault.
Ele foi solto sob pagamento de fiança em março de 2019, após mais de 100 dias detido, mas acabou preso novamente em abril, por novas acusações das autoridades. No mesmo mês, foi solto após pagamento de fiança de US$ 4,5 milhões, valor equivalente a R$ 17,8 milhões, para aguardar julgamento, previsto para 2020.