Domingo, 25 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2025
O ex-presidente da Argentina Mauricio Macri (2015-2019) afirmou que, em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump, o republicano lhe sugeriu que o país sul-americano conquistasse o vizinho Chile para ter acesso ao Oceano Pacífico. A informação foi publicada pelo jornal El País no sábado.
A revelação de Macri foi feita na Espanha e evidenciou a visão expansionista do presidente dos Estados Unidos, que em seu novo mandato já expressou o desejo de anexar os territórios do Canadá e da Groenlândia, além de controlar o Canal do Panamá.
O ex-presidente argentino Macri sofreu na última semana uma dura derrota nas eleições de Buenos Aires e deixou o caminho livre para que o atual presidente argentino, Javier Milei, se consolide como o principal líder da direita e da ultradireita no país. Poucas horas após o pleito, publicou o jornal espanhol, Macri embarcou em um voo privado rumo a Madri.
O ex-presidente participou do Fórum do Grupo Democracia e Liberdade, um encontro que reuniu altos membros do Partido Popular com líderes liberais e conservadores ibero-americanos.
Lá, Macri comentou sobre a “relação pessoal” que mantinha com Trump, a quem definiu como “um amigo”, desde que se conheceram, ainda jovens empresários. Na época, disse, ele tinha 24 anos, enquanto o americano tinha 38. Segundo o argentino, foi graças a esse vínculo que Trump tornou-se “um grande amigo da Argentina”.
Ao comentar o assunto, Macri introduziu a revelação curiosa sobre o comentário do presidente dos Estados Unidos, que teria ocorrido durante a visita oficial de Trump a Buenos Aires para um encontro do G-20. O ex-presidente argentino apresentou a história como “uma anedota que mostra como é o meu amigo”.
“No gabinete presidencial eu tinha um mapa da Argentina, porque é um país tão grande que sempre é difícil localizar as províncias. De repente, [Trump] vê uma faixa à esquerda e pergunta: ‘e isso aqui, o que é?’. Eu disse que era o Chile, e ele respondeu: ‘você deveria conquistar o Chile, assim teria os dois oceanos’”, contou Macri.
O argentino afirmou que, naquele momento, os presentes na sala levaram a fala na brincadeira, e “todo mundo riu ali”. No entanto, acrescentou, “conhecendo-o, ele meio que fala sério, meio que fala na brincadeira”, destacou o ex-presidente.
“Depois, com o passar dos anos e a gente ouvindo Canadá, Groenlândia… Isso me soa familiar”.
Retórica de Trump
Desde que venceu a disputa pela Casa Branca em novembro, o republicano tem sugerido uma expansão territorial dos Estados Unidos. No final do ano passado, ele levantou publicamente a ideia de anexar o Canadá aos EUA, anunciando que gostaria de transformá-lo no “51º estado” americano numa postagem na sua rede, Truth Social.
A retórica em relação ao Panamá também ganhou força após sua vitória. No fim do ano, o líder republicano afirmou que o governo americano deveria retomar o controle do canal para acabar com que chamou de “roubo” cometido pelas autoridades panamenhas. Na ocasião, Trump disse que o local, que controla a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico, é “um bem nacional vital” para os Estados Unidos.
Somado a isso, cinco anos depois de causar polêmica na Dinamarca ao cancelar uma viagem a Copenhague devido à recusa do país nórdico em vender a Groenlândia, Trump voltou a insistir no tema. Em janeiro, ele afirmou que “a propriedade e o controle” da ilha, um território autônomo do Reino da Dinamarca, “são uma necessidade absoluta”. O governo dinamarquês respondeu, na ocasião, afirmando que “não está à venda”.
No livro “The divider”, os jornalistas Peter Baker e Susan Glasser descrevem a obsessão de Trump com a Groenlândia: “Eu adoro mapas. E sempre pensei: ‘Olhe o tamanho disso. É imenso, deveria fazer parte dos Estados Unidos’”, disse Trump aos jornalistas em 2019, durante uma entrevista antes da publicação do livro.