Terça-feira, 10 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 5 de novembro de 2018
Quem acha que pessoas idosas são avessas à tecnologia pode estar muito enganado. Um bom exemplo disso são os milhares de motoristas com mais de 60 anos espalhados pelo Brasil que viram no aplicativo da Uber uma forma de seguirem ativos no mercado de trabalho ou complementar a renda após a aposentadoria. Só em Porto Alegre, cerca de 4% dos motoristas ativos do aplicativo se enquadram nesse perfil.
Antônio Sandro, de 61 anos, dirige com o aplicativo da Uber nas horas vagas há cerca de um ano. Ele é jornalista há mais de 38 anos. Com a instabilidade da profissão, começou a pensar em gerar uma renda extra para a aposentadoria.
“Eu gosto de trabalhar como jornalista, mas dirigindo pela Uber também tenho muita facilidade. Gosto de conversar e conhecer outras pessoas, aprendi a ver uma vida diferente. A flexibilidade me ajuda a ganhar um dinheiro extra e a me preparar para o futuro”, afirma Antônio.
A geriatra Maristela Soubihe, do Hospital Santa Paula, de São Paulo, reconhece que os aplicativos são uma ótima oportunidade para pessoas aposentadas ou que estão com dificuldade de se recolocar no mercado de trabalho. Segundo a especialista, a flexibilidade de horários e a oportunidade de interagir com outras pessoas são algumas das vantagens desse tipo de atividade.
“Com a interrupção da rotina de trabalho, você não perde apenas em rendimento financeiro. Você também perde em atividade intelectual e em atividade social. E é muito legal que as pessoas usam aplicativo para serem independentes e fazerem o seu próprio horário, além de conhecerem um novo mundo interagindo com novas pessoas. Os próprios usuários também vão gostar de prestadores de serviço mais robustos de experiências, de histórias e de trocas”, afirma.
No geral, motoristas com mais de 60 anos são elogiados pelos usuários da Uber e contam com excelentes avaliações, ao combinar sua experiência com a atenção aos clientes. É o caso de Antônio, que é avaliado com nota média de 4.96 por seus usuários.
Oportunidade de renda, independência e dignidade fazem parte dos direitos estabelecidos pelo Estatuto do Idoso e pela Resolução 46/91 da ONU. Em outubro é comemorado o Dia Internacional do Idoso, mês que também marca os 15 anos da promulgação do Estatuto do Idoso no Brasil.
Segundo o IBGE, o número pessoas com mais de 60 anos no país cresceu 18% em apenas 5 anos, superando pela primeira vez a marca dos 30 milhões. O instituto projeta que, em 2060, praticamente 1 em cada 3 brasileiros terá mais de 60 anos – o percentual de idosos passará de 13% para 32% da população.