Domingo, 11 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 16 de julho de 2019
Nessa terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores confirmou a morte, na China, do estudante gaúcho Leonardo Cláudio da Rosa, 23 anos. O corpo foi encontrado na cidade de Chongqing, região Sudoeste do país asiático. Nascido em Caxias do Sul e aluno de Letras da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), ele realizava intercâmbio acadêmico desde o segundo semestre do ano passado.
Ainda não foram divulgados detalhes sobre as circunstâncias do caso. Segundo a instituição de ensino (onde ingressou em 2015), no entanto, informações de colegas apontam que um possível caso de assassinato, mas os relatos ainda dependem de manifestação por parte da polícia local. A Embaixada do Brasil em Pequim já trabalha para providenciar o traslado do corpo e auxiliar nas investigações.
Em nota oficial, o Departamento de Letras da UFRGS manifestou solidariedade à família do universitário e acrescentou que já está em contato com representantes dos dois países: “Faremos o que estiver a nosso alcance para que as autoridades brasileiras busquem junto ao governo chinês o esclarecimento cabal dessa incompreensível tragédia”.
Leonardo, cujo apelido era “Beleléu”, estudava o idioma mandarim na capital do país asiático, Pequim. Bastante ativo nas redes sociais, ele compartilhava detalhes de sua rotina na cidade, localizada a aproximadamente 1,5 mil quilômetros de Chongqing, onde foi encontrado morto. O seu retorno para Porto Alegre estava previsto para esta época.
Última postagem
Em sua última postagem no Facebook, feita há um mês, o acadêmico gaúcho comentou o choque cultural que sentiu justamente na área da segurança pública. O motivo foi a sua surpresa com o fato de um estabelecimento local permanecer aberto durante a madrugada, mesmo sem a presença do proprietário:
“Uma coisa maluca que rolou agora. Vim para uma pequena cafeteria perto do campus onde eu sabia que poderia passar a noite estudando. Pedi comida e café. Comecei a trabalhar. Chegou a meia-noite, cinco pessoas na cafeteria, tudo muito quieto, eu, sentindo sono, perguntei ao meu amigo chinês: quero pedir mais café, você viu o dono daqui? ‘Foi embora, volta só amanhã. Se você quiser mais café tem que ir até a loja de conveniências 24h no quarteirão’. É isso”.
O currículo do intercambista inclui uma forte atuação em iniciativas de apoio a segmentos como o LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais). Em 2017, Leonardo foi voluntário, em Porto Alegre, no curso Transenem, fundado no ano anterior para ofercer aulas gratuitas de preparação de estudantes trans para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), vestibular e outras modalidades.
Na noite dessa terça-feira, dezenas de mensagens na página pessoal de “Beleléu” expressavam tristeza, incredulidade ou mesmo revolta pela morte do rapaz. Os responsáveis pelo Transenem fizeram uma homenagem, agredecendo em um texto emocionado o engajamento do ex-colaborador.
“Infelizmente, esse sonho acabou em tragédia e hoje sentimos uma tristeza profunda pela perda. Leonardo era um jovem acadêmico, professor e militante de apenas 23 anos. Carregava consigo alegria, doçura e inteligência que afetava a todes ao seu redor. Não há um alune ou colega do TransENEM que não vá sentir muito a sua falta”, diz um trecho.
“Hoje estamos de luto”, prossegue. “Leonardo foi uma pessoa sensível e cativante, com uma empatia que, caso todes tivessem, não haveria problemas com violência no mundo. Inclusive, o Léo literalmente nos ensinou sobre Comunicação Não Violenta.”
(Marcello Campos)