Quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de julho de 2018
O ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto pediu perdão judicial ao ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal). Os advogados de Cleto também querem, ao menos, a redução da pena prevista no acordo de colaboração premiada, para extinguir o cumprimento de seis meses com tornozeleira eletrônica em regime domiciliar diferenciado, o que abriria caminho para que Cleto possa trabalhar para “sustento próprio”.
Em junho, a Justiça Federal do Distrito Federal condenou Cleto a nove anos e oito meses de reclusão, no âmbito de um processo derivado da Operação Sépsis, que investiga desvios no Fundo de Investimento do FGTS. O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ), por sua vez, foi condenado a 24 anos e 10 meses de reclusão, em regime inicialmente fechado.
A defesa de Cleto sustenta que, apenas com a delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa, “é que foi possível identificar os coautores da organização criminosa, a sua estrutura hierárquica e recuperar boa parte do proveito das infrações penais, em especial porque os réus colaboradores devolverão montante milionário aos cofres públicos” – no caso de Cleto, o acordo prevê o pagamento de multa compensatória no valor de R$ 5 milhões
A defesa observa que o perdão judicial não foi fixado no acordo de colaboração premiada, pois na época não se tinha conhecimento da proporção dos fatos narrados. Além disso, os advogados argumentam que a delação do ex-vice-presidente da Caixa levou à condenação de ex-membros do governo.
O acordo de colaboração premiada de Cleto foi homologado pelo STF em 2016 e embasou denúncias apresentadas pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o “quadrilhão do PMDB” na Câmara e no Senado. Em seu acordo de colaboração, Cleto detalhou um esquema de propinas que teria se instaurado na Caixa Econômica Federal sob a suposta tutela de Cunha.
Sede da Caixa
A Caixa Econômica Federal anunciou a mudança da sede no Rio de Janeiro para a Cinelândia, no centro da cidade do Rio de Janeiro. A instituição transferirá as unidades instaladas no Edifício Almirante Barroso, também no centro da capital até junho de 2019. Segundo o banco, a mudança permitirá uma economia de R$ 2,6 milhões mensais com aluguel. Porém, o meio cultural do Rio de Janeiro teme a redução de espaços para mostras.
A sede atual abriga um teatro de arena, dois cinemas, quatro galerias de arte, além de salas de oficinas e ensaios. O último edital do banco não prevê financiamento para atividades culturais no local no período de março de 2019 até fevereiro de 2020, oito meses depois que a mudança terá terminado. A exceção será o Teatro Caixa Nelson Rodrigues, que continuará funcionando por estar instalado em outro endereço. A sede será transferida para o Edifício Passeio Corporate, na Rua das Marrecas.
A transferência de endereço já era esperada, uma vez que o banco vinha negociando uma redução no aluguel do Edifício Almirante Barroso sem sucesso. Outro prédio, na zona portuária, chegou a ser avaliado pela Caixa, que é gestora de cerca de R$ 6 milhões em títulos imobiliários na região. A prefeitura defendeu a mudança do banco e dos 2 mil funcionários para o porto, com objetivo de movimentar a economia local. A decisão, no entanto, foi por uma sede próxima à atual.
Em comunicado à imprensa, o banco alegou que, além da economia, o novo endereço oferece melhores condições de trabalho, mas não especificou detalhes.
Na reunião com os empregados no Rio, o vice-presidente do banco, Marcelo Campos Prata, reforçou que atendeu ao pedido dos funcionários, que chegaram a fazer um abaixo-assinado relatando medo e insegurança na região portuária. Já em relação aos espaços culturais, o vice-presidente confirmou apenas que o teatro de arena não caberá no Passeio Corporate, segundo relato do presidente da Associação do Pessoal da Caixa Econômica, Paulo Cesar Matileti.
Para tentar acalmar o setor cultural, o comunicado da Caixa afirma que o novo endereço “terá um espaço central e de destaque destinado à programação da Caixa Cultural Rio de Janeiro com galeria, cinema e sala do programa educativo”. Produtores, artistas e técnicos do meio, entretanto, veem o comunicado com desconfiança e alegam falta de transparência.