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Tito Guarniere Um tipo desagradável

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Deputado afirmou que o presidente (foto) foi informado sobre um suposto esquema ilegal em torno da compra bilionária da vacina indiana Covaxin. (Foto: Agência Brasil)

Ninguém gostaria de ter um parente, vizinho ou colega de trabalho mal-humorado, mal-educado, grosseiro, debochado, gabola e dado a bravatas, useiro e vezeiro de linguagem chula, destituído de empatia e compaixão pelo sofrimento alheio, desleal e ingrato como os que abandonam os amigos ao menor desapontamento, e daquele tipo de gente que atravessa a rua para bater boca e comprar briga com o passante.

É muito azar cruzar com um sujeito desses. E no entanto, todos nós, brasileiros, temos de conviver todos os dias com o tipo desagradável.

Não há uma única intervenção pública de Bolsonaro, em que ele não tire alguém para malhar com os seus desaforos. Não há no discurso do encrenqueiro, jamais, uma palavra de paz, um apelo à concórdia nacional e à superação das diferenças – como seria justo esperar de um presidente.

Para piorar, muita gente não se incomoda, e ainda admira, apoia e aplaude a má companhia. E não apenas os homens. Mulheres educadas, sensatas, recatadas, mães extremosas e esposas exemplares, se transformam em ativistas ruidosas, defensoras exaltadas (e até desbocadas) de Bolsonaro. Perdem o charme e aderem ao clima de confronto geral – o que até então jamais haviam feito.

E as igrejas, as centenas de bispos e pastores que apoiam Bolsonaro, os milhões de fiéis? Para merecer tamanha consideração, com tal grau de compromisso, deve ser um modelo a ser imitado. Ele não parecer ser o tipo de gente que frequenta a igreja para se arrepender dos pecados, mas tão somente para apontar os pecados dos outros.

É desse modo, com gente assim, que aquelas igrejas funcionam? Em que canto poeirento foram relegadas as virtudes cristãs do amor, do perdão, da temperança, do respeito ao próximo, que devem presidir as nossas ações, e a convivência comum? Os valores da família, onde ficaram? É só retórica barata? Nós estamos falando do Verbo ou das verbas?

Bolsonaro e seus seguidores, que não se guiam por sutilezas, rebaixaram até a mentira, tornando dispensável a verossimilhança com os fatos, fazendo-a ordinária, corriqueira, vulgar. Então, diz-se o que quer, inventa-se o absurdo, viram-se os acontecimentos ao avesso, espremem-se os fatos até o bagaço e, resolutos, espalham as imposturas nas redes sociais.

O capitão repete à exaustão, que tem provas de fraude nas eleições de 2018. Diz ele – dispensando a modéstia – que ganhou a eleição no primeiro turno, e que o segundo turno só existiu por causa da fraude. Ele jura que tem provas, mas não diz quais são e nem as apresenta. É preciso ser muito otário para levar isso a sério.

Os seus seguidores, diante de um desfile de motos com Bolsonaro à frente, contaram 1 milhão e 300 mil participantes, a maior manifestação da espécie em todo o mundo. Detalhes: a Polícia Militar de São Paulo calculou em 12 mil o número de motos presentes. O posto de pedágio entre São Paulo e Jundiaí, até onde foram os manifestantes, registrou pouco mais de 6 mil veículos durante o período do evento.

Bolsonaro e os seus seguidores aderiram com fervor e método ao conceito cínico de que as grandes mentiras são mais fáceis de serem engolidas do que as pequenas.

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Desigualdade Social
De bobagens e besteiras
https://www.osul.com.br/um-tipo-desagradavel/ Um tipo desagradável 2021-06-26
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