Quinta-feira, 09 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de novembro de 2017
A PF (Polícia Federal) cumpriu dois mandados de busca e apreensão que tiveram como alvo a advogada Karina Stoff Mendonça, diretora jurídica da empresa Keppel Fels Brasil, que fechou contratos milionários com a Petrobras. Ela é suspeita, de acordo com as investigações no âmbito da Operação Lava-Jato, de ter praticado lavagem de dinheiro para a Keppel por meio de um escritório de Direito.
Os mandados foram cumpridos no Rio de Janeiro – na casa e no escritório da advogada – a pedido do MPF (Ministério Público Federal) e com a autorização do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância. Ninguém foi preso.
Karina havia sido citada em um desdobramento da Lava-Jato por dois delatores: Flávio Calazans de Freitas e Zwi Skornicki – este segundo também é alvo da vigésima-terceira fase da força-tarefa.
Com sede na cidade litorânea de Angra dos Reis (RJ), a empresa Keppel Fels Brasil é controlado pelo grupo Keppel Corporation, de Cingapura (Ásia), e atua no segmento de reparos e construções de grande porte para o setor naval.
Versão
De acordo com o depoimento de Freitas, a advogada Karina Stoff Mendonça teria solicitado auxílio ao escritório dele para realizar uma operação simulada, cujo objetivo era disponibilizar recursos em espécie para o pagamento de vantagens indevidas.
A operação, conforme o Ministério Público Federal, ocorreu por meio da formalização de contrato simulado de prestação de serviços entre o escritório Calazans de Freitas & Advogados Associados e a Keppel Fels, no valor de R$ 3,28 milhões de reais.
Ainda segundo as investigações, os pagamentos teriam sido efetuados em oito parcelas em quantia aproximado de R$ 410 mil reais cada uma, e que deveriam ser quitadas de forma semanal. Ao menos dois investigados receberam os valores e os transformaram em dólares, que foram repassados em espécie a uma pessoa indicada pela própria advogada.
Na decisão em que autorizou as buscas, o juiz Sérgio Moro explicou que, de acordo com as informações prestadas por Zwi Skornicki, a advogada Karina Stoff Mendonça era a pessoa responsável por elaborar, receber e revisar os contratos da Keppel Fels.
“Embora Zwi Skornicki tenha afirmado ignorar se ela possuía ou não conhecimento a respeito das ilicitudes cometidas no caso, ele certamente mantinha contato com todos os contratos e procedimentos utilizados para subsidiar as transações”, disse o magistrado em um dos trechos do despacho.
Etapa
O desdobramento é referente à vigésima-terceira fase da Operação Lava-Jato, deflagrada em 2016 e que envolveu o engenheiro Zwi Skornicki e a Keppel Fels.
Em fevereiro deste ano, foi proferida a sentença de Sérgio Moro relacionada a essa etapa da força-tarefa. Zwi Skornicki e o casal de ex-marqueteiros do PT Mônica Moura e João Santana estão entre os condenados por crimes como lavagem de dinheiro.