Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 29 de junho de 2019
Parlamentares do PT acreditam que somente a criação da CPMI (comissão parlamentar mista de inquérito) para investigar os diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro, atualmente ministro da Justiça e Segurança Pública, e o procurador da República Deltan Dallagnol, divulgados pelo site The Intercept Brasil, elevará a pressão política para viabilizar a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A lista de assinaturas está circulando nas duas Casas legislativas, mas a cúpula do Congresso ainda está refratária à iniciativa.
“Revanchismo”
Moro voltou a classificar como “revanchismo” e “falso escândalo” o vazamento de mensagens trocadas entre ele e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato no Paraná, enquanto ele ainda era o juiz responsável pelos processos da operação.
“Nas últimas três semanas tenho sofrido vários ataques. Achei que a Operação Lava-Jato tinha ficado para trás, mas há um certo revanchismo que às vezes aparece. Quero agradecer em especial o presidente Jair Bolsonaro, que, desde o início desse falso escândalo, tem prestado seu apoio”, disse o ministro no Palácio dos Bandeirantes.
Nos diálogos no aplicativo Telegram, revelados pelo site The Intercept Brasil, o então magistrado aparece orientando ações do Ministério Público Federal, como a indicação de um possível informante em uma investigação sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele também sugere a inversão da ordem de fases da Lava-Jato, cobra a deflagração de novas operações, antecipa decisões que tomaria e manifesta preocupação com possível “melindre” ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) por investigações contra ele.
Lula para que o tribunal julgue Moro suspeito na condução do processo contra o petista referente ao triplex do Guarujá e, assim, a condenação dele seja anulada. Nesta sexta-feira (28), Moro declarou que a Lava-Jato representou um “ganho da sociedade e das instituições” e deve ser “preservada”, apesar de “eventuais pontuais críticas”. “Se formos pensar cinco anos atrás, o que tínhamos basicamente era um padrão de impunidade da grande corrupção”, destacou.
“Ao final, o que nós tínhamos era a descoberta de um esquema de corrupção, devido processo, provas e condenações contra pessoas que imaginávamos que eram imunes à aplicação da lei, que, não importa o que fizessem, jamais responderiam pelos crimes cometidos, seja no âmbito empresarial, seja na Petrobras, seja no Executivo e no Legislativo”, afirmou.
Moro também ressaltou que o conteúdo foi obtido por meio de “invasões criminosas” nos celulares de procuradores da Lava-Jato, que não há “demonstração de autenticidade” dos diálogos e que a Polícia Federal “deve chegar aos responsáveis”. Ele ainda repetiu a crítica de que a publicação das mensagens é feita com “absoluto sensacionalismo” e voltou a dizer que não desistirá da “missão” que recebeu de Bolsonaro no governo.