Sábado, 08 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de dezembro de 2017
Um idoso foi preso nesta quinta-feira (21) suspeito de estuprar a própria filha e a neta no município de Guaiúba (CE). Conforme o delegado Francisco Cavalcante, a neta, uma criança, gravou o criminoso se masturbando e denunciou para a mãe, que também era violentada desde os 10 anos de idade.
A Polícia Civil realizou a prisão após a neta flagrar o avô sem roupa e se masturbando em casa. O delegado contou que a criança pegou o celular da avó escondido e mandou um áudio para a mãe, denunciando o que acontecia quando estava sozinha com o avô. A família das vítimas teve acesso ao vídeo e ao áudio feito pela garota e denunciou o caso à polícia.
A garota contou à polícia que o vídeo era a única forma de fazer com que os adultos acreditassem que o idoso praticava os abusos. A mãe da menina disse que percebeu a garota triste e amedrontada, mas ela nunca havia falado sobre as agressões.
“Tá aí mãe a prova, a prova. Sabe o que é essa prova? É o que o vovô fica fazendo comigo, sabia? É isso que o vovô fica fazendo comigo e quando ele tá aqui eu não posso falar nada. Agora eu estou escondida falando dele”, contou a criança na mensagem enviada à mãe.
Medo de denunciar
O delegado Francisco Cavalcante comentou que a família já desconfiava do crime, mas tinha medo do suspeito. Na denúncia, a mãe da criança revelou que sofria abusos do pai desde que tinha 10 anos.
Ela contou aos investigadores que o criminoso obrigava os filhos a assistirem filmes pornográficos e olharem ele se masturbando. O homem também dominava as vítimas e as obrigava a tocarem nos seus órgãos genitais.
“Ele praticava esses crimes em casa, na ausência da mulher. A família tinha medo e a esposa nunca soube o que de concreto acontecia. Foi a coragem da criança que o denunciou”, comentou o delegado.
Estupro e pedofilia
O suspeito foi conduzido para a Delegacia Metropolitana de Guaiúba, onde foi autuado pelos crimes de estupro de vulnerável e pedofilia. O delegado entrou com um pedido de prisão preventiva para reconduzir o idoso ao presídio.
Como identificar
Casos de violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes são mais comuns do que se imagina – dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), por exemplo, mostram que 70% das vítimas de estupro do país são menores de idade.
Segundo dados do Disque 100 (Disque Direitos Humanos) e do Sistema Único de Saúde, mais de 120 mil casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes foram registrados no País entre 2012 e 2015 – o equivalente a pelo menos três ataques por hora.
Mas como identificar abuso sofrido por uma criança próxima?
O primeiro sinal a ser observado é uma possível mudança no padrão de comportamento das crianças. Segundo Heloísa Ribeiro, diretora executiva da ONG Childhood Brasil, de defesa dos direitos das crianças e adolescentes, esse é um fator facilmente perceptível, pois costuma ocorrer de maneira repentina e brusca.
Apesar de, em muitos casos, a criança demonstrar rejeição em relação ao abusador, é preciso usar o bom senso para identificar quando uma proximidade excessiva também pode ser um sinal.
Teria sido o caso, por exemplo, do técnico de futebol Fernando Sierra, que tinha uma relação quase paternal com o garoto Felipe Romero. O treinador buscou o menino na escola, desapareceu e ambos foram encontrados mortos dois dias depois.
Importante notar, no entanto, que o papel do desconhecido como estuprador aumenta conforme a idade da vítima – ou seja, no abuso de menores de idade, a violência costuma ser praticada por pessoas da família na maioria dos casos.
No Brasil, 95% dos casos desse tipo de violência contra menores são praticados por pessoas conhecidas das crianças, e em 65% deles há participação de pessoas do próprio grupo familiar.
Outro indicativo apontado pelas especialistas é o de recorrer a comportamentos infantis, que a criança já tinha abandonado, mas volta a apresentar de repente. Coisas simples, como fazer xixi na cama ou voltar a chupar o dedo. Ou ainda começar a chorar sem motivo aparente.
Para manter o silêncio da vítima, o abusador pode fazer ameaças de violência física e promover chantagens para não expor fotos ou segredos compartilhados pela vítima.
É comum também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de benefício material para construir a relação com a vítima. É preciso também explicar para a criança que nenhum adulto ou criança mais velha deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com adultos de confiança, como a mãe ou o pai.
Uma criança vítima de abuso também apresenta alterações de hábito repentinas. Pode ser desde uma mudança na escola, como falta de concentração ou uma recusa a participar de atividades, até mudanças na alimentação e no modo de se vestir.