Esporte Uma ex-atleta acusou a Federação de Ginástica dos Estados Unidos de pagar mais de 1 milhão de dólares para abafar denúncia de abuso sexual
Por Redação O Sul | 21 de dezembro de 2017
O advogado da ex-ginasta norte-americana McKayla Maroney, 21 anos, ingressou com uma ação judicial contra a Federação de Ginástica dos Estados Unidos, acusando a organização de esconder a acusação de abuso sexual da jovem contra o ex-médico da equipe Larry Nassar.
De acordo com John Manly, em entrevista ao “The Wall Street Journal”, em dezembro do ano passado a atleta assinou um acordo de confidencialidade de US$ 1,25 milhão (o equivalente a R$ 4,1 milhões) para não levar adiante as suas denúncia. O novo processo tenta invalidar partes do acordo, alegando que as cláusulas de não divulgação são ilegais.
De acordo com o advogado, no entanto, a ginasta era uma criança na época, e teria sido “coagida a aceitar a proposta em um momento de instabilidade emocional”. Segundo McKayla, ela teria sido molestada por Nassar em diversas ocasiões, quando tinha apenas 13 anos de idade, oito a menos do que tem hoje.
“Ela era uma criança e não tinha escolha, não conseguia pensar. A Federação estava disposta a sacrificar a saúde e o bem-estar de uma das ginastas mais famosas do mundo porque não queriam que o mundo soubesse que eles estavam protegendo um médico pedófilo”, afirmou.
Medalhista de ouro por equipe na Olimpíada de Londres (2012) e de prata individual nos mesmos jogos, McKayla já havia utilizado a sua conta no Twitter, em outubro deste ano, para relatar os abusos cometidos pelo ex-médico há quase uma década, quando ela tinha 13 anos de idade. Embora essa tenha sido uma violação dos termos do acordo, o advogado disse que as chances de contra-ataque são baixas, segundo especialistas.
Segundo a revista “People”, o processo também inclui como réus o Comitê Olímpico dos Estados Unidos e a Universidade do Estado de Michigan. Em novembro, Nassar se declarou culpado de sete acusações de conduta sexual criminosa.
O acusado
Ex-integrante da Confederação de Ginástica dos Estados Unidos, Nassar é acusado de abusar sexualmente de mais de cem mulheres adultas ou adolescentes, incluindo a própria McKayla. Ele já se declarou culpado por sete dos crimes e foi condenado a pelo menos 60 anos de cadeia por pedofilia. A partir de janeiro, começa a cumprir uma sentença de 25 anos em regime fechado, que pode ser estendida à prisão perpétua.
Além de McKayla, as campeãs olímpicas Aly Raisman e Gabby Douglas também revelaram terem sido vítimas do médico. Nas redes sociais, surgiu até mesmo uma hashtag, #MeToo (“Eu Também”), por meio da qual as vítimas de abusos assinalam postagens sobre as suas experiências traumáticas.
Nota
A Federação de Ginástica dos Estados Unidos divulgou uma nota oficial em que comenta o assunto: “Embora a entidade esteja desapontada com a acusação de hoje, aplaudimos McKayla e outras que falam contra comportamentos abusivos – incluindo os atos desprezíveis de Larry Nassar. Queremos trabalhar juntos para ajudar a encorajar e empoderar atletas a falar contra o abuso”.
