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Brasil Uma mulher contou que foi abusada cerca de 20 vezes por João de Deus

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(Foto: Reprodução de TV)

Uma mulher relatou que foi abusada por João de Deus entre 2009 e 2010 cerca de 20 vezes durante atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). Ela contou sobre os abusos em entrevista exclusiva ao Fantástico, da TV Globo, e mostrou os registros que fez na época em um diário. O médium está preso suspeito de abusar de mulheres que procuravam tratamento espiritual. Ele nega as acusações.

A mulher contou que ficou deprimida e chegou a pensar em suicídio na época em que foi abusada pelo médium. “Eu pensava: gente, não é possível que isso não vai ter fim”, disse.

A vítima relatou que tinha 20 anos na época dos abusos e mantinha um diário – único espaço em que se sentia confortável para falar sobre o que passou. Em um dos registos, ela escreveu: “A vez que ele foi mais longe”.

“Ele ficava com o pênis dele passando no meu ventre. Colocava no meio das minhas nádegas”, disse.

Outro trecho do caderno mostra quando ela registrou uma ordem do médium, pedindo que ela prometesse que não iria perder peso. Em um terceiro momento, ela contou que ele havia prometido pagar pela formatura dela. A vítima disse ainda que chegou a reclamar para o próprio João de Deus, se mostrando desconfortável com a situação.

“Eu reclamei: cara, você está me deixando doente. Eu estou ficando cada vez pior. Mas ele: ‘Não. Você é forte’”, contou.

O Ministério Público do Estado de Goiás informou que o diário dela, cartas e passagens entregues por outras mulheres servem como documentos e farão parte das denúncias.

A engenheira Gleice Lima, brasileira que mora em Chicago, nos Estados Unidos, contou que já esteve em Abadiânia para passar por tratamento espiritual com João de Deus. Na época, ela tinha recebido diagnóstico de leucemia que, mais tarde, descobriu que estava errado.

A mulher contou que, na época, o médium disse que ela estava muito mal e, por isso, precisaria ficar em Abadiânia. Ela disse que, ainda no hotel onde ela estava hospedada, João de Deus a forçou a fazer sexo oral nele, mas ela cuspiu no médium. A partir de então, ela disse que começou a ser ameaçada.

“Ele falou: ‘você fica quieta, menina. A partir de hoje você não vai falar nada, você não vai embora. Se você falar para alguém, alguma coisa muito ruim vai acontecer com o seu filho’. Eu sabia que se ele quisesse me ver definhar e ele fizesse alguma coisa para mim, eu tinha certeza que ia acontecer”, contou.

Ainda em Abadiânia, mesmo em meio ao medo, Gleice disse que conheceu um lituano deficiente auditivo que também procurava cura pelas mãos de João de Deus. Eles se apaixonaram, foram morar juntos e tiveram um filho.

Segundo Gleice, durante o tempo que ficou lá, o médium pedia que ela se aproximasse dele, se oferecendo para desenvolver a mediunidade dela, se tornando membro do grupo de assistentes pessoais dele. Ela contou que ficou dois anos lá e observou o médium de perto.

“Uma vez eu vi ele escondendo uma arma em um dos sofás no escritório dele. […] Ele participava de garimpos de ouro no Pará, garimpos de esmeralda, isso em áreas indígenas e coisas do tipo”, relatou.

A engenheira disse ainda que se lembra de ouvir o médium dizer que não viajaria para realizar curas no exterior por menos de R$ 1 milhão. “O interesse dele era estritamente financeiro. Eu não conheci uma pessoa que foi curada na Casa”, comentou.

Gleice e o namorado se mudaram de Abadiânia para os EUA em 2015, onde vivem atualmente. Mesmo anos depois, ela relata que só agora está conseguindo falar sobre os abusos, que a marcaram.

“O João deu essa esperança e ele tirou. Ele agiu da forma mais covarde, porque ele tirou de mim a fé que eu tinha nas pessoas”, disse.

Em ligação, o advogado de João de Deus, Alberto Toron, disse que os casos das mulheres que falaram na reportagem devem ser tratados em processo, individualmente.

Investigações

João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à polícia. Ele tem dois mandados de prisão: um por suspeita de abusos sexuais contra mulheres e outro por posse ilegal de arma de fogo. A defesa dele teve dois pedidos de soltura negados e recorreu ao Supremo Tribunal Federal.

O médium prestou depoimento logo após a prisão. Ele afirmou à Polícia Civil que, antes de as denúncias virem à tona, foi ameaçado por um homem, por meio de uma ligação de celular. Além disso, negou os crimes e que tenha movimentado R$ 35 milhões nos dias anteriores à prisão.

O promotor Luciano Miranda contou que o Ministério Público de Goiás recebeu 596 e-mails entre denúncias, agradecimentos de vítimas, reclamações e até mensagens de apoio ao médium. Analisando os textos, o órgão levantou que há 255 vítimas em potencial. Dessas, 121 informaram as idades que tinham quando se sentiram abusadas.

“Foram identificados nesses e-mails recebidos que as vítimas tinham, na época dos abusos, de 9 anos até 67 anos”, contou.

 

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