Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de junho de 2019
Após cinco meses de investigação, a Polícia Civil gaúcha deflagrou na manhã dessa sexta-feira a operação “Borgata”, tendo como alvo a rede de lavagem de dinheiro mantida por uma organização criminosa que atua em regiões como a Região Metropolitana, Serra e os vales do Sinos e do Paranhana. Foram efetuadas buscas em Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Campo Bom.
O saldo: quatro pessoas presas, cerca de R$ 30 mil reais em espécie apreendidos e o bloqueio de outros R$ 4,7 milhões de reais em bens. Os líderes são detentos de cadeias gaúchas, considerados de alta periculosidade e que possuem antecedentes por crimes como tráfico de drogas, latrocínio, roubo, homicídio e porte ilegal de arma-de-fogo.
De acordo com o titular da DRLD (Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro, Adriano Nonnenmacher, o grupo utilizam uma rede de “laranjas” (incluindo familiares, parentes e amigos com a ficha limpa) para ocultar bens adquiridos com dinheiro oriundo da venda de drogas no Rio Grande do Sul. O produto também era traficado para outros países.
A mesma organização criminosa realizou a maior parte das operações logísticas de entrada de cocaína no Estado na última década, em volumes que atingiram várias toneladas por ano. Conforme o Denarc (Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico), a rede era complexa e adquiriu bens de alto padrão ao longo dos últimos anos.
O delegado Vladimir Urach, diretor-geral do Denarc, estima em cerca de R$ 500 mil o faturamento semanal da quadrilha, conectada a rotas de drogas trazidas da Colômbia e Peru, por meio do Paraguai e do Estado do Amazonas. “Trata-se de um importante passo no combate à lavagem de dinheiro do narcotráfico realizado pela Polícia Civil gaúcha”, frisou.
A força-tarefa contou, nessa sexta-feira, com a participação direta de 175 agentes da Polícia Civil, em cumprimento a 87 ordens judiciais: cinco prisões temporárias, 23 mandados de busca e apreensão, sequestro de cinco imóveis de luxo (Novo Hamburgo, Campo Bom e Lajeado), bloqueio de sete contas bancárias e 47 quebras de sigilos bancário, fiscal e financeiro.
Crimes rurais
Já em Bagé, a Decrab (Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato) deflagrou a terceira fase da operação “Grande Negócio”, com foco no combate à lavagem de dinheiro no âmbito de crimes rurais. A ação resultou no cumprimento de 12 ordens judiciais, sendo sete de bloqueio de bens patrimoniais de suspeitos e cinco de mandados de busca e apreensão.
Ao todo, foram bloqueados mais de 10 milhões em patrimônio de investigados. As diligências foram realizadas nos municípios de Harmonia, Lajeado, Santa Cruz do Sul e Santa Clara do Sul, onde um frigorífico teve as suas atividades suspensas. Foram 15 meses de investigação, durante os quais a Polícia Civil identificou transações fictícias de compra e venda de bovinos, tendo a empresa como fechada.
As movimentações eram declaradas no imposto de renda dos investigados e do frigorífico. Com isso, a empresa também era beneficiada financeiramente com as transações falsas, com ganhos tributários ilegais e distribuição de prolabore sem anotação contábil. Foram apreendidos cerca de R$ 1 milhão em transações falsas que motivaram o apelido informal de “Esquema do Gado-Fantasma”.
(Marcello Campos)