Quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de março de 2020
O uso controlado de celulares do tipo smartphone pode gerar bem-estar mental. Essa e outras informações constam em uma pesquisa inédita apresentada nesta semana na PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) de Porto Alegre pela mestranda em Psicologia Amanda Borges Fortes. No trabalho acadêmico, ela embasa e contextualiza a suas conclusões com base em diversos dados.
Em 2014 houve uma explosão de vendas de smartphones no Brasil. Foram comprados 54,5 milhões de aparelhos. De lá para 2018, o percentual de usuários saltou de 76% para 97% (dados da pesquisa TIC Domicilios/Cetic de 2018). Ou seja, há dois anos já eram contabilizados cerca de 123 milhões de brasileiros que usam esse dispositivo na palma da mão para se conectar a redes sociais, whatsapp, aplicativos, jogos, entre outras facilidades.
“Tem gente que, diariamente, acessa mais de 40 aplicativos”, ressalta Amanda, que atua como psicóloga clínica na capital gaúcha. Ela menciona, informações de um levantamento do ano retrasado, do IDC e App Annie, apontado que os mais buscados são o WhatsApp e o Facebook.
O objetivo e estado emocional que induzem o indivíduo a pegar o smartphone, assim como o tempo de uso e os consequentes efeitos na saúde mental foram investigados durante dois anos pela mestranda. Em sua metologia, ela buscou a literatura disponível sobre o tema e examinou respostas de quase 800 brasileiros sobre a relação deles com o aparelho.
A pesquisa embasou a dissertação de mestrado intitulada “Uso de Smartphones e Bem-estar: o Papel Moderador da Regulação Emocional”, defendida na última segunda-feira (9) na PUCRS em Porto Alegre.
Saúde mental
“O impacto que os smartphones estão causando na saúde mental vai depender da intenção que está por trás do seu uso”, ressalva Amanda. “Ou seja, as consequências para a sua saúde mental depende do motivo que leva o usuário a acessar o smartphone. Para usar o dispositivo a favor do seu bem-estar, o indivíduo deve, primeiramente, deixar de manuseá-lo automaticamente e começar a fazer uso controlado e consciente”.
“Em diversos momentos do dia, é exigido que se pegue o aparelho para trabalhar, olhar os e-mails, marcar alguma combinação, pedir uma tele-entrega”, prossegue. “Se essa utilização for de forma disciplinada, pontual e em um momento apropriado, o uso é considerado saudável. Mas não é benéfico o uso automático, “passivo”, em que a pessoa não apenas não percebeu a passagem do tempo, como também deixou de fazer outras coisas importantes, como trabalhar, estudar ou mesmo dormir ou descansar.”
O trabalho desenvolvido por Amanda aponta, ainda, que o uso automático do smartphone geralmente é acionado para driblar emoção negativa (tédio, solidão, tristeza, frustração) ou situação difícil (dificuldade de expressão, por exemplo). “Aqueles que querem suprimir emoções negativas, ao manipular seu aparelho, têm maior prejuízo do bem-estar pscicológico”, alerta o estudo. “Uma jovem que se desentendeu com o namorado, por exemplo, vai ficar ainda mais ansiosa se mexer em redes socias para ignorar a tristeza.”
(Marcello Campos)