Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de abril de 2018
Um levantamento realizado pelo núcleo de Ciência Política da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e do instituto de pesquisas Uninassau indicou a existência de um consenso entre a maioria dos eleitores brasileiros: além dos políticos, o povo também é responsável pela crise que o País atravessa. As razões para essa conclusão, entretanto, são diferentes de acordo com os perfis socioeconômicos.
Nas classes A e B, a percepção é de que o pior momento já passou e que a população “depende demais do Estado”, “não vai à luta” e “fala demais em crise”. Os entrevistados desse segmento relatam ter decidido enfrentar as dificuldades e, por esse motivo, têm criado oportunidades.
“O meu irmão estudou muito para ter o próprio negócio e hoje tem a loja dele, que só faz crescer. Isso me dá muito orgulho, pois ele trabalhou e se esforçou para obter esse resultado. Não ficou esperando nada do governo”, comentou uma dona-de-casa de 23 anos, ouvida pelo estudo.
Já entre as classes C e D, a noção vigente é de que os jovens não se mostram dispostos a discutir política e que o povo também comete atos de corrupção, a exemplo da “venda” de votos. Alguns chegaram a dizer que já presenciaram conhecidos trocando seu apoio a determinado candidato por dinheiro, remédio e até por uma feijoada. “São vários onde eu moro”, revelou um dos participantes.
Em reação à afirmação de que a população estaria apática em relação ao debate político, entrevistados desse segmento afirmaram que sua prioridade, de fato, não seria a discussão de aspectos da política em si, uma vez que estariam preocupados em “procurar emprego” e “dar comida aos filhos”. “Nesse caso, a carência material é uma variável que os impede de debater política”, diz o trabalho do Uninassau.
De acordo com os cientistas políticos envolvidos no estudo, ao culpar o Estado, as classes C e D revelam uma carência: “Eles afirmam que precisam do poder público nas áreas da saúde, educação e segurança mas não revelam autonomia em relação ao Estado. São cidadãos sem esperança no Brasil e citam o tráfico de drogas e a violência como desafios enormes”.
Metologia
Realizada há uma semana (no dia 23) por amostragem entre moradores de Recife (PE), a pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco e do instituto Uninassau teve por objetivo identificar os sentimentos dos entrevistados em relação à política, economia e aos possíveis candidatos a presidente da República, sem mencionar nos questionamentos os nomes de pré-candidatos.
A metodologia é a qualitativa, com a realização de entrevistas com três categorias, divididas por classe social. O grupo 1 (classes A e B) tem renda superior a R$ 5 mil por mês, ao passo que o grupo 2 (classe C) recebe entre R$ 2 mil e R$ 4 mil. Já o grupo 3 (classe D) tem renda de R$ 800 a R$ 1,2 mil.