Segunda-feira, 29 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de junho de 2018
No auge da crise, um terço dos brasileiros, de acordo com sondagens, defendia intervenção militar imediata no País. Outro percentual equivalente queria a realização de eleições antecipadas, e imediatas, para debelar a crise. A sondagem foi feita pelo Ibope e entregue à equipe de comunicação do presidente Michel Temer, segundo informações da jornalista Mônica Bergamo, do jornal “Folha de S.Paulo”.
Marcelo Bretas
Preso há quase dois meses após condenação na Operação Lava-Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou depoimento nesta terça-feira (5) como testemunha de defesa do ex-governador Sérgio Cabral e enfrentou questões curiosas durante fala na ação penal que apura suposta compra de votos para sediar a Olimpíada Rio-2016.
Por videoconferência ao juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava-Jato no Rio, Lula criticou denuncismos, disse que busca a verdade e afirmou que “nunca soube de nenhuma negociata, em nenhum momento” para trazer a Olimpíada ao Brasil.
A participação do petista na audiência foi marcada por uma manifestação do magistrado sobre o ex-presidente e seu papel no País. Bretas lembrou do movimento Diretas Já.
“Senhor Luiz Inácio, muito obrigado. Inclusive pela postura. O senhor é uma figura importante no nosso País, é relevante sua história para todos nós. Para mim, inclusive. Aos 18, 17 anos estava aqui num comício na avenida Presidente Vargas com um milhão de pessoas, vivemos um momento diferente no País, e eu estava lá usando o boné e a camiseta com seu nome”, afirmou Bretas, sendo interrompido.
Numa referência indireta a sua possível candidatura, Lula afirmou que o juiz poderia usar o boné e a camisa. “Quando eu fizer um comício agora vou chamar o senhor para participar”. As declarações foram seguidas de risos.
Em outro momento, o próprio Cabral se emocionou e pediu para se dirigir ao ex-presidente. Ele quis prestar condolências pela morte de Marísa Letícia, ocorrida em fevereiro de 2017, quando o ex-governador já estava preso. “Estava preso quando Dona Marisa faleceu. Então, a transmissão dos meus sentimentos. Meu abraço ao senhor pelo falecimento da Dona Marisa.”
Sociólogo homenageado pela USP
“Temos um problema muito sério, um velho problema. O Brasil evoluiu muito em termos tecnológicos em vários campos, mas falta muito ainda na formação humana. Somos muito atrasados em questões de cidadania, de tolerância, de aceitação das diferenças. Nossa escola formadora é muito ruim. Não há investimento, nenhuma preocupação em formação de gente. Há uns malucos querendo a ditadura. Eles não sabem o que querem. Nunca viram, não têm ideia do que foi a intervenção militar no País, porque não tem formação. Não sabem isso e também não sabem mais nada. A falta de formação é o maior problema do Brasil. Não há respeito às tradições e, muito pior, nem às pessoas. Não há nem sequer uma formação ideológica consistente. As pessoas chutam para um lado hoje e amanhã chutam para o outro, como se fosse absolutamente normal”, afirmou o sociólogo Reginaldo Prandi, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”. Prandi foi homenageado pela USP (Universidade de São Paulo). Para ele, esse é um dos reflexos do principal problema do País hoje, a frágil cidadania.