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Por Redação O Sul | 21 de fevereiro de 2018
Apesar de a Operação Lava-Jato ter colocado na prisão políticos e empresários poderosos, a sensação de corrupção no País disparou no último ano, segundo uma pesquisa da Transparência Internacional. O Brasil perdeu 17 postos e passou do 79º lugar para a 96º posição e passou a figurar ao lado de países como a Zâmbia, a Colômbia e o Panamá, todos com 37 pontos. Com essa posição, o País fica atrás de Ruanda, Burkina Fasso, Timor Leste e Arábia Saudita. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
É a pior posição do Brasil desde 2012. Apesar de a pesquisa da Transparência Internacional existir desde 1996, os dados só são comparáveis estatisticamente desde aquele ano porque houve mudança de metodologia.
Os três países mais íntegros são a Nova Zelândia, Dinamarca e Finlândia, com 89, 88 e 85 pontos, respectivamente. O país mais corrupto é a Somália, com 9 pontos, à frente de Síria (14 pontos) e Sudão do Sul (12). No levanto feito em 80 países, dois terços tiveram nota menor do que 50, o que, nos critérios da Transparência Internacional, significa que falharam no combate à corrupção.
Quanto maior a pontuação, menos corrupto é o país. A nota é dada a partir de uma série de levantamentos com entidades que fazem análises sobre o setor público brasileiro, como o Fórum Econômico Mundial e a Economist Intelligence Unit.
A pesquisa da Transparência Internacional, chamada de IPC (Índice de Percepção de Corrupção), é a mais respeitada e a mais utilizada no mundo sobre ética e negócios públicos.
Em 2014, quando começou a Lava-Jato, o Brasil ocupava a 69ª posição, com 43 pontos. Desde então a percepção de corrupção do País só tem aumentado.
Essa deterioração da imagem não ocorre por acaso, segundo Bruno Brandão, representante da Transparência Internacional no Brasil.
Para Brandão, esse fenômeno ocorre porque o País trouxe à tona um tsunami de negócios ilícitos entre grandes empresários e os governos, mas os parlamentares, muitos dos quais beneficiários desse esquema de suborno, não fizeram nada para alterar a ordem da propina. Ou, como diz a Transparência Internacional em comunicado à imprensa, “os fatores estruturais da corrupção nacional seguem inabalados”, já que não houve avanço de medidas de combate.
“Não houve em 2017 qualquer esboço de resposta sistêmica ao problema; ao contrário, a velha política que se aferra ao poder sabota qualquer intento neste sentido”, afirma Brandão no mesmo comunicado.
A sabotagem ocorre, na visão dele, porque a população se dividiu enquanto os políticos cerraram fileiras contra a Lava-Jato. “Se as forças que querem estancar a sangria se mostram bastante unidas, a população se divide na polarização cada vez mais extremada do debate público, o que acaba anulando a pressão social e agravando ainda mais a situação”.
Havia uma janela de oportunidade para mudar essa tendência no ano passado, na interpretação da entidade, quando a posição ficou em situação estável (houve uma queda de três posições, apenas). Se a janela fosse aproveitada, diz Brandão, o país poderia ter entrado numa fase virtuosa e começaria a usufruir das mudanças em favor da ética. Mas essa janela foi perdida porque os políticos estavam mais interessados em se salvar.