Sábado, 20 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2025
O adiamento até janeiro representa um revés para a Comissão Europeia, a Alemanha e a Espanha, que pressionavam por uma assinatura iminente.
Foto: ReproduçãoA Comissão Europeia quer assinar o acordo comercial com o Mercosul em 12 de janeiro no Paraguai, informaram integrantes da diplomacia nessa sexta-feira (19), após o adiamento anunciado no dia anterior devido à pressão da França e da Itália. O Executivo europeu esperava assinar o tratado de livre comércio neste sábado (20), no Brasil, mas foi obrigado a adiá-lo devido à falta de apoio suficiente entre os países membros.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mostrou-se, no entanto, “confiante” na possibilidade de fechar o acordo em janeiro. Um membro da Comissão e dois diplomatas indicaram que a nova data prevista agora é 12 de janeiro no Paraguai. Os agricultores europeus opõem-se ao acordo e vários milhares deles protestaram na quinta-feira em Bruxelas, coincidindo com uma cúpula de chefes de Estado e de governo.
A FNSEA, principal sindicato agrícola francês, pediu que a mobilização fosse mantida, apesar do adiamento. Negociado há mais de 25 anos, este acordo permitiria à UE exportar mais automóveis, maquinaria, vinhos e bebidas alcoólicas para a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Em troca, facilitaria a entrada na Europa de carne, açúcar, arroz, mel e soja sul-americanos, algo que preocupa os setores afetados.
O adiamento até janeiro representa um revés para a Comissão Europeia, a Alemanha e a Espanha, que pressionavam por uma assinatura iminente. Mas a assinatura do acordo UE-Mercosul já está garantida, afirmou Berlim nessa sexta-feira. “A questão já não é se o acordo será assinado, mas quando”, declarou o porta-voz adjunto do Executivo europeu, Sebastian Hille, em uma entrevista à imprensa.
Adiamento curto
Em outra frente, o Brasil espera que a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia ocorra “o mais rápido possível”, disse nessa sexta-feira (19) o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Segundo ele, o eventual adiamento deve ser curto, diante da relevância do tratado para o Brasil, o bloco sul-americano e o comércio internacional.
“O acordo Mercosul–União Europeia é importante para o Mercosul e para o mundo, para o avanço do multilateralismo. Esperamos que o mais rápido possível seja assinado”, disse Alckmin em entrevista à imprensa de balanço das atividades do ministério em 2025.
O ministro destacou que, apesar das resistências políticas de alguns países europeus, como França e Itália, o governo brasileiro mantém otimismo quanto à conclusão do processo.
Alckmin também disse que o Brasil trabalha para ampliar acordos comerciais com outros parceiros estratégicos. Segundo ele, o governo está otimista para que até julho haja avanços nas negociações com o México para aumentar as linhas tarifárias de preferência.
“O mesmo vale para a Índia”, acrescentou o ministro. Já com Canadá e Emirados Árabes Unidos, o objetivo é aprofundar discussões em direção a acordos mais amplos de livre comércio.
Sobre a recente elevação de tarifas do México, Alckmin ressaltou que acordos já existentes, como o automotivo, não serão atingidos. Com isso, o impacto estimado das medidas caiu para cerca de US$ 600 milhões, abaixo da projeção inicial, que superava US$ 1 bilhão. As informações são da agência de notícias AFP e da Agência Brasil.