Domingo, 25 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2025
O ministro Alexandre de Moraes repreendeu e ameaçou prender o ex-ministro, Aldo Rebelo, nesta sexta-feira (23), durante o depoimento dele em sessão do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente da Câmara dos Deputados foi o último a prestar depoimento como testemunha no processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados são acusados de tentar um golpe de Estado.
Durante o depoimento, Rebelo foi questionado pelos advogados do almirante Almir Garnier, ex-chefe da Marinha, se seria possível que um comandante mobilizasse efetivos da Marinha por decisão unilateral. A defesa queria mostrar que isso não era possível.
Veja a conversa
— É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes, que é a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz que “estou frito” não significa que está dentro de uma frigideira, quando diz que “está apertado” não significa que está submetido a uma pressão literal. Quando alguém diz “estou à disposição”, a expressão não precisa ser lida literalmente — respondeu Aldo Rebelo ao ser questionado pelos advogados do almirante Almir Garnier.
Nesse momento, Moraes interrompeu Rebelo e perguntou se o ex-ministro estava na reunião quando o almirante Garnier falou a expressão. Ele negou e o ministro do STF disse:
— Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos.
— Em primeiro lugar, a minha apreciação da língua portuguesa é minha e eu não admito censura — retrucou Rebelo.
— Se o senhor não se comportar, o senhor será preso por desacato — avisou Moraes.
Aldo Rebelo afirmou que “estava se comportando” e Moraes pediu, então, para que ele respondesse a pergunta que foi feita:
— Testemunha não pode dar seu valor à questão. Mas, tem toda a liberdade para fazer uma resposta tática.
Por fim, Rebelo respondeu que o comandante não poderia fazer a convocação unilateral das tropas.
— Qualquer estrutura de comando dentro das Forças Armadas precisa consultar toda a cadeia relacionada com ela — disse o ex-ministro.
Segundo ele, trata-se de uma cadeia de comando, que passa por diversas estruturas como o comando de operações de operações navais, comando da esquadra, entre outros.
Moraes, então, frisou que Rebelo não pode garantir uma resposta à questão.
— Não há conhecimento técnico para saber se a Marinha sozinha pode dar um golpe. Rebelo é historiador… ele sabe que em 64 não foi ouvida toda cadeia de comando. Não podemos fazer conjecturas. Ele foi civil. Foi ministro da Defesa, mas civil — reforçou o ministro.
Primeira Turma ouve testemunhas em caso de tentativa de golpe
A Primeira Turma STF começou a ouvir as testemunhas de defesa dos réus Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e de Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, neste sexta-feira.
A expectativa é que os depoimentos das testemunhas de defesa continuem durante toda a próxima semana. As informações são do portal NSC Total.