Terça-feira, 08 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 27 de outubro de 2022
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deixou a Selic (taxa básica de juros) onde estava, em 13,75% ao ano, pela segunda vez consecutiva, após a maior sequência de alta da taxa básica de juros da história do Brasil. Os aumentos aconteceram para combater a inflação, ao elevar o custo do crédito e, assim, diminuir o consumo.
Agora, o começo do ciclo de cortes divide os economistas. Alguns esperam que a Selic comece a ser diminuída já no 1º trimestre, menos cautelosos diante da deflação dos últimos meses e da chance de maior clareza sobre os gastos do governo após a eleição.
Contudo, outra ala prevê que os juros começarão a recuar em junho ou agosto, mais moderados diante de um ambiente econômico ainda incerto no Brasil e no mundo. As economias grandes estão atrasadas em comparação ao Brasil e ainda estão aumentando juros para combater a inflação.
Independentemente de quando as reduções comecem, duas dicas são essenciais para os investidores pequenos: as aplicações financeiras de renda fixa, especialmente as atreladas à Selic e ao CDI, continuarão chamando a atenção. E em um cenário assim, instável, é bom ser mais conservador nas decisões de investimentos e manter a carteira diversificada, com foco nos objetivos e perfil de cada um.
“Os últimos dias deixaram bem claro que eventos inesperados ainda podem impactar a renda fixa e a renda variável e que é hora de os investidores serem bastante conservadores nas suas decisões”, afirma Rodrigo Azevedo, planejador financeiro certificado, economista e sócio-fundador da assessoria de investimentos GT Capital.
Ele aconselha que os conservadores apliquem 75% da carteira em títulos atrelados à Selic ou ao CDI (uma taxa parecida com a Selic), como Tesouro Selic, Certificado de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).
“A busca deve ser por ativos com liquidez diária e rendimento interessante. Eles permitem aproveitar oportunidades na renda fixa e variável que ainda podem aparecer, porque possibilitam movimentar o dinheiro a qualquer hora”, diz.
Esses investimentos são indicados para formar a reserva de emergência ou para realizar objetivos de curto prazo. Alguns CDBs, LCIs e LCAs, emitidos por bancos, oferecem rentabilidade acima de 100% do CDI (na prática, acima da Selic).
O risco de calote dos títulos emitidos por bancos menores é maior, mas até o limite de R$ 250 mil por CPF por instituição financeira, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) devolve o dinheiro em caso de quebra do emissor.
As aplicações financeiras para realizar objetivos de médio e longo prazo podem ser títulos atrelados à inflação, títulos prefixados e renda variável, que podem render mais que os papéis atrelados à Selic ou CDI, mas dar rendimento negativo ao longo do caminho.
O planejador financeiro sugere escolher os títulos com prazo curto, porque avalia que os de prazo mais longo não estão oferecendo taxas tão altas que compensem o risco de ficar preso por mais tempo.
Renda variável
O ambiente para as ações ainda está bastante incerto, diante da alta de juros nas economias grandes e da chance de recessão global, além da incerteza do que acontecerá com o Brasil após a eleição. Há papéis baratos na bolsa brasileira, mas é necessário escolhê-los a dedo, o que pode ser uma tarefa difícil para iniciantes, conforme os assessores e consultores financeiros.
Eles aconselham que aqueles que ainda não são compradores de ações aguardem para entrar na bolsa em um cenário mais claro. “Para quem está fora de ações, agora não é uma boa hora para começar a comprar, porque o investidor pode se machucar”, indica Beto Assad, analista de ações do Kinvo. “Comprar o mais barato possível nem sempre é o melhor. Às vezes é melhor comprar mais caro, mas com um cenário mais claro.”
Já aqueles que já compraram as ações pensando no longo prazo devem continuar com a sua estratégia definida antes. “Se você acredita nas companhias que comprou, em princípio, não faça nada. Eventualmente, aproveite as quedas para comprar mais”, recomenda o analista de ações.
Entre os papéis mais sugeridos agora, estão os das empresas de valor, aquelas consolidadas, mais protegidas contra crises, mas que estão sendo negociadas com desconto. Bancos e companhias de energia estão entre elas. Já a expectativa para as empresas de crescimento, aquelas que têm parte do seu valor na previsão de futuro, é que elas ainda demorem algum tempo para voltar a serem atrativas.
“Bancos, companhias de energia e de saneamento tendem a se comportar melhor enquanto o cenário estiver indefinido. Quando a queda de juros estiver mais clara, aí o cenário estará mais favorável para empresas que dependem de consumo”, recomenda Assad.
Ainda na renda variável, analistas e assessores afirmam que, em cenários conturbados como agora, é mais fácil ganhar dinheiro em fundos multimercados do que em ações ou fundos de ações. Esses produtos compram ações, commodities, juros e moedas, no Brasil e no exterior, e apostam em altas e baixas dos ativos por meio de operações arriscadas. Assim, independem da direção dos mercados para andar bem.