Quarta-feira, 18 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 2 de outubro de 2021
A Venezuela eliminou seis zeros do bolívar, e peso colombiano é usado no país. Com o novo corte, o país acumula mais uma marca histórica negativa: a nação que mais removeu zeros de sua divisa na América Latina. Só neste ano, o bolívar teve desvalorização de 72,54% .
O novo corte soma-se à redução de 14 zeros desde 2008, em três reconversões, diante da grave crise econômica. Três em cada quatro venezuelanos vivem na extrema pobreza, segundo relatório divulgado nesta semana.
A Venezuela passa por uma profunda crise socioeconômica e política desde 2013, quando teve início um processo de queda dos preços do petróleo no mercado internacional.
O país é um dos maiores produtores da commodity no mundo e o único da América Latina a integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), com a economia dependendo diretamente da exportação de petróleo.
Segundo o economista José Manuel Puente, a remoção de zeros da moeda deve se repetir nos próximos meses, em decorrência do rápido processo de desvalorização da divisa.
A banalização do valor do bolívar levou a moeda a ser preterida em algumas regiões da Venezuela, como em Puerto Concha. A localidade, situada ao Noroeste do país e próxima à fronteira com a Colômbia, já usa mais pesos colombianos, moeda do país vizinho, que bolívares.
Notas para baralho
As notas valem tão pouco que se tornaram brinquedo de crianças. Elas a usam para fazer figuras e para jogar baralho.
“Aqui o bolívar é história”, conta o trabalhador agrícola Jonatan Morán, de 32 anos, que mora na região. “Eu nem conheço o novo bolívar que saiu, nem gostaria de saber”.
A preferência pelo peso colombiano, como ocorre em Puerto Concha, se tornou comum em estados fronteiriços. A medida, segundo Puente, representa uma “válvula de escape” diante de uma economia com oito anos de recessão e quatro de hiperinflação.
Em Puerto Concha, por exemplo, entrou para a rotina trocar dólares por pesos, para facilitar as compras no varejo. A dolarização informal, por outro lado, limita o fluxo de cédulas de baixa denominação e complica operações.
“Neste momento, o peso colombiano é melhor para nós que o bolívar, porque o bolívar não nos dá o suficiente”, conta a vendedora de loterias María Martínez, de 38 anos.
Atualmente, o uso do bolívar praticamente se restringe às transações com cartão de débito, diante da grave escassez de cédulas, essenciais para atividades como pesca, pecuária e plantio de banana.