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Celebridades Ver ou não ver Roman Polanski? Cineastas e críticas discutem como lidar com obra de homens que cometeram crimes sexuais

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O diretor franco-polonês de 89 anos chamou atriz de “mentirosa” e de “contadora de histórias”. (Foto: Reprodução)

O 76º Festival de Cinema de Veneza , que chega ao fim no próximo sábado (7), tem sido marcado por protestos e pela polêmica envolvendo a presença do filme “J’Accuse”, de Roman Polanski, na mostra competitiva.

O diretor franco-polonês de 86 anos carrega em sua biografia uma condenação por estupro de menor, cometido em 1977 nos Estados Unidos, e não pode voltar ao país, sob o risco de ser preso. Diversos grupos feministas se manifestaram contra a participação do cineasta e a pouca representação feminina no festival — na mostra competitiva, apenas dois, dos 21 filmes, são dirigidos por mulheres.

A discussão em torno de Polanski ganhou novo fôlego quando, na semana passada, a presidente do júri do Festival, a cineasta argentina Lucrécia Martel, afirmou que não iria à exibição do filme. Na sequência, esclareceu que não era contra a seleção do longa para a mostra competitiva e que assistiria a “J’accuse”, somente não participaria da sessão de gala, pois não queria “parabenizar” Polanski ou ofender as vítimas de agressão sexual.

O filme foi exibido na última sexta-feira (30) sem a presença de Martel e Polanski, como era esperado, mas sob aplausos do público e elogios do elenco. Durante a coletiva de imprensa, o produtor do filme, Luca Barbareschi, disse que ele e a equipe não comentariam sobre as acusações contra o cineasta e só falariam sobre o filme , reforçando que o festival não era um “tribunal moral”.

Mas, inevitavelmente, desde que foi anunciada, a presença de Polanski na briga pelo Leão de Ouro reacendeu um debate que tem ganhado cada vez mais força desde o surgimento do movimento #MeToo, que permitiu que centenas de mulheres quebrassem o silêncio e falassem sobre os abusos que sofreram no cinema e no mundo das artes.

As perguntas são várias. Qual é a melhor forma de lidar com a obra de artistas cuja biografia é marcada por denúncias e fatos como estes? É possível separar o autor que comete um crime de sua obra? E será que devemos fazer isso? As cineastas Lúcia Murat e Helena Solberg, a crítica de cinema do jornal O Globo Susana Schild e a jornalista e criadora do portal Mulher no Cinema, Luísa Pécora, deram a opinião delas neste debate.

Spoiler: a discussão é complexa e não há consenso ou resposta absoluta sobre qualquer uma das questões. Veja abaixo alguns dos pontos levantados por elas.

“Existe a obra e a pessoa que faz a obra”

“Esse dilema existe desde que o mundo é mundo. Existe a obra e a pessoa que faz a obra. O ser humano é complexo. Pode ser um gênio e ser uma pessoa que eu não gostaria de conhecer”, afirma a cineasta Helena Solberg, a única diretora mulher do Cinema Novo.

Visão parecida é compartilhada pela atriz francesa Catherine Deneuve, que, na semana passada, também em Veneza, defendeu Polanski das críticas, que considera “excessivas”, e disse que é preciso fazer a diferença “entre o cineasta e a pessoa”.

Solberg avalia que como Polanski foi condenado e já cumpriu a pena — o cineasta recebeu sentença de 90 dias de prisão, mas foi liberado mais cedo por bom comportamento — ele tem o direito de estar no festival.

“Eu acho que você tem que acreditar que as pessoas podem se recuperar. Ele não vai ser um criminoso até o final da vida. Ele pode ter cometido um erro absurdo e horroroso, mas continua sendo um grande cineasta”, afirma.

Biografia

Para a crítica de cinema do Globo, Susana Schild, separar o autor de sua obra é difícil e o crime cometido por Polanski não pode ser ocultado de sua biografia.

“A obra pode ser divina, mas seu criador é humano e seus atos fazer parte de sua história. Um artista (ou qualquer outra categoria, célebre ou anônima) não está acima do bem ou do mal ou isento de culpa e responsabilidade pelos seus atos”, afirma.

“Não dá para esconder que ele cometeu esse crime. Faz parte da história dele, assim como os filmes também fazem. Não dá para ignorar. Posso até gostar de um filme dele, mas essa pessoa carrega isso na história dela”, completa.

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