Terça-feira, 30 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de junho de 2020
A felicidade de Vera Fischer parece viajar no espaço, pelo sinal do celular. “Estou cheia de esperança. Não sei se você está ouvindo pela minha voz, mas não estou nem um pouco triste”, diz ela, em determinado momento de uma entrevista de uma hora, por telefone. Aos 68 anos, a atriz vive a quarentena ao lado do filho mais novo, Gabriel, de 27, e da nora, Letícia Catalá, no apartamento onde moram, no Leblon. Por lá, assumiu tarefas como limpar casa e cozinhar: “É bom para a cabeça e para o físico”. Confira trechos da conversa da atriz com o jornal O Globo.
1) Suas dicas de filmes e séries fazem o maior sucesso. Quando começou a colecioná-los?
No começo dos anos 1980. Quando a minha filha Rafaela (do casamento com falecido diretor Perry Salles) ainda era pequena, eu só tinha um VHS de “O Mágico de Oz”, em inglês. Assistíamos todo dia. Quando vieram as videolocadoras, alugávamos tanto que passei a colecionar fitas que comprava quando viajava a Nova York. Depois, comecei a gravar os meus trabalhos. Aos poucos, fui fazendo uma coleção. Então, passei todas as coisas que tinha em VHS para DVD, além de comprar novos.
2) Qual o tamanho do acervo hoje?
Nunca fiz essa contagem, mas é um quarto inteiro.
3) E de onde veio a ideia de dar dicas?
Entrei no Instagram há uns quatro anos e, por lá, vi quantos fã-clubes eu tinha. E com pessoas muito jovens, de 17 anos. Havia perdido a noção de quantas pessoas gostam de mim pelo mundo, e isso é fantástico. Você pode perder amigos, amores, mas não os fãs. Esse amor tem que ser alimentado. Então, decidi fazer isso com o que mais amo: filmes, arte e séries. Volta e meia, falo de coisas que acontecem no mundo, é claro, ou uma noite em que saí com amigos, shows e espetáculos teatrais aos quais assisti. Tem os TBTs todos também. Acho que tenho histórias para contar pelo resto da vida. Com 68 anos, sou muito cheia de energia e de passados (risos). E muitos presentes também!
4) Como seleciona o que vai assistir e recomendar nas redes?
Como vejo muita porcaria na TV e no dia a dia nesse país, onde o passado já foi melhor, por pior do que tenha sido, tenho que ficar duas horas vendo uma coisa completamente boa para aliviar. Teve um fim de semana em que fiz uma maratona Irmãos Marx para gargalhar. Porque, com esse surrealismo que está rolando no Brasil, não tem humor. Não tem genialidade. Consigo me divertir dessa forma. Senão, fico botando no meu Instagram só aqueles bonequinhos chorando. Por outro lado, temos artistas que se conscientizam, como a Anitta, que todo mundo achava que era só uma garota famosa e alienada e não é bem assim. Está se conscientizando, botando as manguinhas de fora. Nem todo mundo concorda, mas eu sou uma das que acham maravilhoso. Não é só ganhar dinheiro. Tem que falar e se posicionar.
5) É você mesma que faz o conteúdo das redes?
Sim. Escrevo o texto, procuro as fotos, monto cenário. Só mando para publicarem.
6) Como tem sido a sua quarentena?
Nada monótona. Toda hora tenho alguma coisa para fazer. Tenho um apartamento de dois andares e eu que estou fazendo a faxina. Meu filho e minha nora moram comigo, e a gente se divide. Não tenho nem tempo de fazer ginástica. Esfrego, abaixo e levanto, desço e subo escada. Fico toda suada. E não acho isso ruim. É bom para a cabeça e para o físico. Outra coisa maravilhosa é que estão crescendo meus cabelos brancos. Estou deixando para ver o que as pessoas vão achar. Já estão aparecendo nas fotos e vão aparecer cada vez mais.
7) O que está achando disso?
É a primeira vez, e estou achando engraçado. Meu cabelo é um pouco louro, mas mesmo assim dá para ver.
8) A proximidade dos 70 é simbólica?
Atualmente, acho só uma data. Nos meus 50, festejei furiosamente. Achei que os 60 fossem simbólicos, e não foram. Posso me equivocar, mas acho que não vai acontecer nada demais nos 70.