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Colunistas Vereador ressuscita o Febeapá

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O Festival de Besteiras que Assola o País - FEBEAPÁ -, foi uma publicação em três volumes que fez muito sucesso na década de 1960. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Os mais antigos na idade irão lembrar de Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do jornalista Sérgio Porto, e de sua obra mais famosa, o Festival de Besteiras que Assola o País – FEBEAPÁ –, publicação em três volumes que fez muito sucesso na década de 1960.

Os três volumes da obra contêm críticas jocosas de ideias estapafúrdias e absurdas produzidas por políticos ou autoridades públicas, uma especialidade bem brasileira.

Em dezembro de 2015, o jornalista Alberto Villas, da revista Carta Capital, relembrou o termo da obra de Sérgio Porto, relacionando casos que exemplificam como o FEBEAPÁ continuava a existir no país:

Como por exemplo:

Do deputado fluminense Gilmar Fernandes Quintanilha, que fez um projeto proibindo o uso, no país, de sutiãs com bojo, por serem uma “propaganda enganosa”, fazendo as pessoas pensarem erradamente que a mulher tenha seios firmes e avantajados — entre outras tantas “besteiras”, das quais o Brasil tornou-se mestre em sua produção!

Em Porto Alegre, o vereador Jonas Reis (PT) resolveu dar mais um sopro de vida ao velho FEBEAPÁ, apresentando uma proposta que chama atenção mais pela criatividade do que pela eficácia. A ideia, no mínimo curiosa, propõe conceder um dia de folga ao guarda municipal que recuperar e devolver um celular roubado. A iniciativa até soa bem-intencionada, mas deixa no ar a pergunta básica: o incentivo combate o crime ou apenas premia a solução de um problema que já ocorreu e que já é missão do servidor?

O projeto estabelece a concessão de um dia de folga ao guarda municipal que, no exercício de suas funções, efetivar a recuperação de aparelhos celulares e sua devolução aos proprietários legais, conforme regulamento a ser estabelecido pelo Executivo Municipal.

“A Guarda Municipal pode dar uma contribuição importante para a redução dos roubos. Por isso, é importante incentivar os guardas municipais a atuarem na recuperação de celulares”, justifica o autor.

Pergunta 1: Como reduzir roubos de celulares, se o incentivo é para a devolução do celular já roubado?

Me explica!

Se esta ideia for adiante, estaremos diante de cenário incerto de equiparação por analogia nas atividades públicas essenciais.

A polícia civil do Estado estará no direito de exigir um dia de folga por cada kg de drogas ilícitas apreendidas.

O policial militar, por sua vez, vai exigir equiparação por cada mandado de prisão ou foragido preso.

Os médicos dos serviços públicos do município poderão pedir um dia de folga para cada paciente curado!

Nada mais justo, pois a saúde humana vale muito mais que um dia de trabalho! Poderiam alegar os médicos, e com razão!

E os professores públicos?

Um dia de folga para aluno que passou de ano?

Percebam que não há limites para quem tem a mente voltada para o ócio!

Pergunta 2: Como um profissional de serviço público essencial, que é pago para fazer seu trabalho, vai ganhar uma bonificação por fazer seu trabalho?

A única possibilidade aceitável como reconhecimento ao servidor seria a citação no currículo como exemplo de zelo e cuidados com a sociedade, por ser o agente público do ano (tal) a ter maior eficiência de retorno de aparelhos celulares.

Outra consequência negativa para a sociedade será que este benefício de horas não trabalhadas irá gerar uma falta generalizada de servidores da guarda municipal em operação.

Atenção, porto-alegrenses!! Fiquem atentos: em breve, o seu celular vai valer um dia de folga para os guardas municipais, mas não precisa se preocupar, estarão atentos para lhe devolver seu patrimônio e garantir-lhes mais um feriadão!!

Socorro, prefeito Mello!!

Rogério Pons da Silva – jornalista e empresário (rponsdasilva@gmail.com)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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