Sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2025
 
				A vítima foi amarrada, agredida com coronhadas, choques elétricos e golpes de facão e levou um tiro
O juiz Eduardo Batista Vargas, da Vara do Trabalho de Farroupilha, na Serra Gaúcha, condenou um veterinário e suas empresas – entre elas, um haras – ao pagamento de quase R$ 1 milhão em indenizações devido a agressões brutais cometidas em 2021 contra um trabalhador.
O caso envolve dois processos na Justiça do Trabalho, que tramitam em segredo de Justiça. Na ação individual, o trabalhador ganhou direito a vínculo de emprego, verbas rescisórias e indenizações de R$ 350 mil por dano moral, R$ 179,8 mil por perda de capacidade laboral, R$ 16,3 mil por perda temporária de função digestiva, R$ 60 mil para custeio de tratamentos e R$ 30 mil por dano estético.
O veterinário e as empresas também foram condenados a pagar outros R$ 350 mil por danos coletivos, em ação movida pelo MPT-RS (Ministério Público do Trabalho). O valor será destinado a projetos sociais. O homem está preso.
Na ação individual, tanto o empregador quanto o trabalhador apresentaram recurso ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. Na ação civil pública, o réu já perdeu o prazo para recorrer.
A decisão na esfera trabalhista vem se somar à condenação já imposta pela Justiça na esfera penal em junho deste ano ao mesmo réu, sentenciado o homem a 42 anos e 10 meses de prisão por tentativa de homicídio triplamente qualificada, estupro, tortura, sequestro, roubo e cárcere privado.
O caso
Os crimes ocorreram em agosto de 2021, na zona rural de Farroupilha. Segundo os autos, o empregador suspeitava que o trabalhador havia furtado R$ 20 mil da clínica veterinária em que trabalhava. A partir dessa suspeita, o empresário e um outro empregado iniciaram, no dia 9 de agosto, uma série de agressões com o objetivo de obter uma confissão. A vítima foi amarrada e agredida com coronhadas, choques elétricos e golpes de facão. Também foi atingida por um disparo de arma de fogo no pé.
O homem ainda sofreu violência sexual e teve seu celular confiscado pelo patrão. Todas ações ocorreram para fazer o empregado “falar” e informar a localização do dinheiro supostamente furtado.
Após a sessão de tortura, o empregado foi abandonado em via pública, socorrido por terceiros e encaminhado para atendimento no Hospital Beneficente São Carlos, no Centro de Farroupilha. No dia seguinte, ele recebeu alta e foi novamente sequestrado pelo empregador. Levado a uma boate de propriedade da família do patrão, o homem foi mantido em cárcere privado e submetido a novas sessões de tortura pelo réu e por outros dois empregados.
Entre os atos praticados contra a vítima, constam queimaduras com cigarro, inserção de agulhas sob as unhas, extração de dentes com alicate e agressões aos órgãos genitais. Após a tortura, os homens levaram a vítima de carro até um penhasco localizado na Linha Boêmios e a obrigaram, sob ameaça, a pular.
Os autos do processo ressaltam que a tentativa de homicídio só não se consumou por acaso, dado que os ferimentos sofridos pelo empregado não foram fatais e ele pôde, após a partida dos agressores, buscar socorro. As informações foram divulgadas na quinta-feira (30) pela Justiça do Trabalho gaúcha.
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