Domingo, 11 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de fevereiro de 2016
O vice-presidente de Infraestrutura da Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Junior, é um dos alvos da 23ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira (22). O executivo, que está no exterior, segundo a Polícia Federal, teve mandado de prisão preventiva decretado.
De acordo com seus advogados, ele se apresentará à Polícia Federal ainda hoje. Além de Silva Junior, estão fora do país o também executivo da empreiteira Fernando Migliaccio da Silva, o publicitário João Santana e sua mulher, Monica Moura. O casal, que se encontra na República Dominicana, voltaria ao Brasil neste sábado (20), mas, segundo a PF, acabou mudando de ideia.
A prisão preventiva de Silva Junior foi solicitada devido à semelhança de termos utilizados pelo executivo em conversas em 2014 com Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da Odebrecht que foi preso em junho do ano passado e é um dos poucos empresários denunciados que permanece atrás das grades.
As mesmas expressões achadas nessas conversas foram encontradas em uma planilha apreendida durante as investigações. O documento indica, segundo a PF, pagamentos de propinas.
Segundo a Polícia Federal, o fato de o executivo utilizar os termos mostra que ele sabia dos esquemas de corrupção na Petrobras.
Nelio Machado, advogado do vice-presidente de infraestrutura da Odebrecht, Benedicto Barbosa Júnior, afirmou que seu cliente se apresentará à Polícia Federal espontaneamente.
“Ele se apresentará entre hoje [segunda] e o primeiro horário de amanhã, já que há uma questão de logística por estar em viagem no exterior”, explicou Nelio, que foi contratado esta segunda, quando a residência do executivo foi alvo de busca e apreensão.
Machado, que atuou na defesa de clientes como o ex-executivo da Petrobras Paulo Roberto Costa e o lobista Fernando Soares, o Baiano, até firmarem acordo de delação premiada, afirmou que “não crê que essa será a postura [fazer o acordo] de Benedicto. “Acredito que ele tem como explicar tudo, mas ainda não conversamos.”
Mais uma vez, o criminalista criticou as prisões da Lava Jato enfatizando que não é raro que as pessoas presas acabem por “sucumbir” a pressão a passem a firmar acordos de delação.
A 23ª fase da Lava Jato foi batizada de “Acarajé” porque, segundo os integrantes da operação, a expressão significa pagamentos indevidos, da mesma forma como “pixuleco”, que deu nome à 17ª fase da operação, em agosto do ano passado.
Hoje, a operação cumpriu 40 mandados de busca e apreensão em São Paulo – onde Santana teve um bem sequestrado, um apartamento comprado por ele –, Rio de Janeiro e Salvador. O publicitário, responsável por campanhas eleitorais de candidatos do PT, é suspeito de ter recebido 3 milhões de dólares em contas internacionais por meio de off-shores controladas pela Odebrecht.
Argentina
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, em Curitiba, os integrantes da Lava Jato disseram que os pagamentos de propina pela Odebrecht também se estendiam a funcionários públicos da Argentina.
Documentos apreendidos nas investigações mostram que um assessor do ex-secretário de Transporte da Argentina Ricardo Jaime cobra da empreiteira o pagamento de valores indevidos. Um dos documentos apreendidos nas investigações foi, inclusive, digitalizado no escritório da empresa brasileira no país vizinho.
Segundo a Polícia Federal, Jaime foi condenado na Argentina por enriquecimento ilícito e crimes contra a administração pública. (Folhapress)