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Política Vídeo de reunião no Planalto reforça suspeita da CPI de ‘gabinete paralelo’ da Saúde

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No vídeo, que registrou encontro em setembro, participantes dão conselhos a Bolsonaro contra vacinas e a favor da cloroquina. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

No vídeo, que registrou encontro em setembro, participantes dão conselhos a Bolsonaro contra vacinas e a favor da cloroquina. (Foto: (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O vídeo de uma reunião no Palácio do Planalto, em setembro de 2020, reforça a suspeita da CPI da Covid sobre a existência de um “gabinete paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia.

A existência de um “gabinete paralelo” é um dos principais eixos de investigação da comissão parlamentar de inquérito, que quer saber se os conselhos dados a Bolsonaro contrariaram a ciência e prejudicaram o combate à pandemia no país.

O site “Metrópoles” publicou reportagem com o vídeo nesta sexta-feira (4). A reunião foi transmitida ao vivo no Facebook do presidente na época.

Além de Bolsonaro, aparecem entre os participantes o deputado Osmar Terra (MDB-RS), a médica Nise Yamaguchi o virologista Paolo Zanotto e outros profissionais de saúde. Na terça-feira (1º), em depoimento à CPI, Nise Yamaguchi negou que integrasse um “gabinete paralelo”.

Na reunião, os profissionais apresentam a Bolsonaro opiniões contrárias às vacinas e favoráveis à hidroxicloroquina, remédio que comprovadamente não tem eficácia contra a Covid, mas é defendido pelo presidente e seus aliados.

Em determinado momento, Zanotto propõe a criação de um “shadow cabinet” (gabinete das sombras em tradução literal) para aconselhar o governo sobre a pandemia.

“Eu gostaria de ajudar o Executivo a montar um ‘shadow board'”, afirmou Zanotto. Segundo ele, seria algo “como se fosse um ‘shadow cabinet’, esses indivíduos não precisam ser expostos, digamos assim, à popularidade”, afirmou Zanotto para Bolsonaro na reunião.

Um pouco antes, o virologista apresentou opiniões ao presidente, duvidando das vacinas contra a Covid. Ele diz que é preciso tomar “extremo cuidado” e que o Brasil “talvez não” deva ter vacinas contra a doença:

“E uma das coisas importantes que tenho para falar é o seguinte: no contexto da vacina, a gente tem que tomar um extremo cuidado. O Brasil tem uma diversidade genética assombrosa, que faz a população brasileira, provavelmente, uma das grandes mecas no desenvolvimento de vacinas. A gente tem que tomar um cuidado enorme com isso. Com todo respeito, eu acho que a gente tem que ter vacina — ou talvez não — porque o grande problema do coronavírus é que eles têm, intrinsicamente, problemas no desenvolvimento vacinal”, afirmou o médico.

Zanotto também revelou na reunião que Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub e ex-assessor especial da Presidência, fazia a interlocução entre os profissionais do aconselhamento paralelo e o presidente Jair Bolsonaro. A participação de Arthur Weintraub no aconselhamento ao presidente é tema da CPI.

“A gente não tem condições neste momento de dizer que qualquer vacina, que poderia estar, realisticamente, no que eles chamam de fase 3. Isso é muito sério. Então, nesse sentido, a gente precisaria — a minha sugestão, até enviei uma mensagem ao Executivo, mandei a carta para Weintraub, para o Arthur — talvez fosse importante se montar um grupo, e a gente poderia ajudar”, afirmou o virologista para Bolsonaro.

À época da reunião, no início de setembro, a Pfizer já havia feito propostas de venda de doses de vacina para o Brasil, segundo relatos da empresa. Mas o governo brasileiro deixou as ofertas sem resposta.

Bolsonaro

Após a fala de Zanotto, Bolsonaro lembrou que havia vetado um dispositivo aprovado pelo Congresso que determinava a autorização de vacinas no Brasil desde que fossem liberadas pelas agências de controle de alguns países, como Estados Unidos, Japão, os países da União Europeia e a China.

Pelo dispositivo, se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não liberasse o uso das vacinas em 72 horas, a liberação seria automática, desde que esses outros países já tivessem aprovado.

“O projeto foi aprovado na Câmara, e eu vetei um dispositivo. Resumindo: o que foi vetado e a Câmara derrubou o veto depois? Determinava ali: EUA, Japão União Europeia e China. O que chegasse aqui para combater o coronavírus, a Anvisa tinha 72 horas para liberar. Se não liberasse, haveria liberação tácita. Eu perguntei: até a vacina? Até a vacina”, afirmou Bolsonaro.

E complementou: “Então, a vacina, mesmo tendo aprovação científica lá fora, tem umas etapas para serem cumpridas aqui. A gente não pode injetar qualquer coisa nas pessoas e muito menos obrigar. Eu falei outro dia: ninguém vai ser obrigado a tomar a vacina, e o mundo caiu na minha cabeça”, disse Bolsonaro.

Osmar Terra e a hidroxicloroquina

Osmar Terra é médico e foi ministro da Saúde no governo do presidente Michel Temer. Logo no início da pandemia, ele despontou como um dos principais conselheiros de Bolsonaro.

Na reunião do início de setembro, Terra faz uma defesa da hidroxicloroquina, contrariando as evidências científicas que já estavam disponíveis na época.

“Aqui tem um especialista em arritmia cardíaca, presidente. E ele é o primeiro a dizer que não tem problema usar hidroxicloroquina”, afirmou Terra.

Bolsonaro responde:

“A gente viu o depoimento de um amigo nosso, também falou exatamente isso: não tem problema nenhum. Foi potencializado, exatamente para o pessoal fugir, talvez por ser um remédio muito barato”, argumentou o presidente.

A médica Nise Yamaguchi prestou depoimento à CPI da Covid nesta semana. Aos senadores, ela disse que desconhece e que nunca participou de um gabinete paralelo.

Na reunião do início de setembro, ela diz: “Uma honra trabalhar com o senhor nesse período”, se dirigindo a Osmar Terra. Com informações do G1.

 

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