Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de julho de 2022
O vídeo inteiro que mostra o anestesista Giovanni Bezerra estuprando uma paciente durante o parto tem uma hora e meia de duração e só foi visto pelos enfermeiros quando terminou a cirurgia. O crime aconteceu no fim da operação, com o acompanhante já fora da sala de parto e a equipe médica ocupada com os procedimentos finais. Era a primeira vez que aquela equipe médica trabalhava com Bezerra.
Bezerra foi flagrado pela equipe do plantão de enfermagem, que se organizou para descobrir exatamente o que estava acontecendo e produzir provas. O anestesista foi preso no próprio hospital na madrugada da segunda-feira (11).
Foram pelo menos seis denúncias até agora. Só no domingo (10), quando Giovanni foi flagrado estuprando a paciente, ele participou de três cesarianas. Na sexta (15), a Justiça do Rio aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou Bezerra réu. O Fantástico não conseguiu contato com o advogado de defesa dele.
Também tentamos contato com três integrantes da equipe de enfermagem envolvida na gravação do flagrante que permitiu a prisão de Giovanni Bezerra, mas nenhum quis gravar entrevista. Uma das enfermeiras disse que a equipe não queria “destaque de heroína”.
A reportagem teve acesso a depoimentos de pacientes do anestesista e de parentes delas. Uma mulher relatou um “gosto muito ruim na boca” após voltar de uma cesariana.
Celular escondido
De acordo com as enfermeiras, o estupro praticado por Giovanni foi gravado por um celular.
O vídeo foi feito dentro do centro cirúrgico do Hospital da Mulher Heloneida Studart. Segundo as enfermeiras, o telefone celular foi colocado dentro de um armário que conta com uma porta de vidro escura. Pelo lado de fora, não é possível ver o interior do local.
O aparelho ficou apoiado em pé, na parte alta do armário, apontado para a mesa de cirurgia onde seria realizado o parto. Com o armário fechado, era possível ver a mesa de operação e todos os profissionais envolvidos na ação.
Contudo, a posição escolhida foi determinante para conseguir filmar Giovanni praticando o estupro, visto que o anestesista é o único da equipe que fica ao lado do rosto da gestante e com um pano que impede que a paciente veja seu próprio corpo. Esse mesmo tecido também impede que a equipe médica veja a cabeça da pessoa que está na cama.
“É estarrecedor, muito reprovável, é gravíssimo que um crime desse tipo seja praticado por um profissional que lida com mulheres, que estava trabalhando dentro de um hospital destinado a mulheres”, disse a delegada responsável pelo caso, Bárbara Lomba.